24h Dr. Bumbum no xadrez
Depois de quatro dias foragido e mais de 20 ligações para a central de atendimentos do Disque-Denúncia do Rio, o médico Denis Cesar Barros Furtado, o Doutor Bumbum, foi preso, ontem, por policiais do 31º BPM, na Barra da Tijuca, junto com a mãe, a também médica Maria de Fátima Furtado.
Ele é acusado da morte da bancária Lilian Calixto, de Cuiabá (MT), ocorrida no último domingo, depois de submetê-la a procedimento estético irregular com a substância polimetilmetacrilato na sua cobertura, no mesmo bairro. O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, inclusive, cassou ontem a licença de exercício do médico.
Denis foi detido em um centro empresarial na Barra e depois encaminhado para a 16ª DP, na Barra da Tijuca. De acordo com a delegada Adriana Belém, ele e a mãe estavam no escritório do advogado Marcus Cezar Feres Braga, com quem ela negociava a rendição.
Para quem se lembra, o advogado Marcus Cezar Feres Braga esteve envolvido em outra polêmica, em 2016, quando se apresentou à polícia como vice-cônsul da Rússia depois de reagir a uma tentativa de assalto, que aconteceu na Zona Oeste do Rio, e um dos bandidos terminou morto. Na época, o Consulado Geral e a Embaixada da Rússia no Brasil negaram a afirmação de Marcus e informaram que todos os seus representantes diplomáticos “são cidadãos russos, com nomes russos”.
O médico, que foi indiciado por homicídio doloso e associação criminosa e teve a prisão decretada pela Justiça, concedeu uma entrevista coletiva na delegacia. Lá, ele disse que todo o procedimento estético foi feito de forma correta. “Ele foi lícito (...) Tenho certeza de que a minha atuação como médico foi correta”, argumentou. “Eu me considero inocente. Aconteceu uma intercorrência com a paciente. Ela se levantou da maca por volta das 19h e veio a óbito às 2h”, afirmou.
Sobre de ter fugido de um policial civil que foi até um shopping atrás dele, no domingo, Denis disse que achou que seria atacado e que foi alvo de tiros . “Fui abordado por um carro cinza e, na hora que ele me fechou, saiu um homem com um fuzil e eu saí fugido. Ele dispatido rou, houve um disparo. Saí correndo, houve uma perseguição policial pelas ruas da Barra (...) Eram policiais? Achei que fosse um certo revanchismo da família, ou então bandido, assalto, sequestro (...) Deram dois tiros em mim. Não em mim, mas no carro. Eu tive que evadir”, contou. O comunicado emi- pelo Poder Judiciário, ainda no domingo, diz que o policial se identificou assim que o abordou.
Antes de ser preso, Denis publicou alguns vídeos em seu perfil no Instagram em que trata como fatalidade a morte da bancária. “Boa tarde, senhores. Como todo mundo sabe, aconteceu uma fatalidade, mas uma fatalidade acontece com qualquer médico”, falou na gravação. Ainda no vídeo, ele sugere que o procedimento foi feito em um consultório médico. “Uma paciente minha no consultório, após um procedimento de bioplastia de glúteo, que eu já realizei 9 mil, ela saiu do consultório muito bem e, umas seis horas após, eu a levei para o hospital e ela chegou a óbito algumas horas após com parada cardíaca”, garantiu.
O médico também insinuou que o erro que levou a morte de Lilian Calixto pode ter sido do Hospital Barra D'Or, para onde ela foi levada após a cirurgia. “A paciente saiu íntegra do meu consultório, andando, desceu as escadas, conversou com todo mundo que estava lá, riu (...) Ela chegou andando (ao hospital), lúcida, como diz o laudo da própria médica. A vítima veio a falecer horas depois dentro da unidade. Quero saber o que é isso?”, questionou.
Diferente da versão dada pelo Doutor Bumbum, o boletim médico do Hospital Barra D’Or informou que Lilian Calixto chegou ao local com falta de ar, taquicardia e pele azulada.