Correio da Bahia

‘Invisíveis sociais’: 92 mil pessoas não tinham registro em 2015

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Por uma irresponsa­bilidade do tio, Sara se tornou uma invisível social. Mas há muitas pessoas que sequer chegam a ser registrada­s. Elas fazem parte de um grupo de 9.743 pessoas de 3 anos ou mais de idade na Região Metropolit­ana de Salvador e de 92.818 pessoas em toda a Bahia, que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) feita pelo IBGE em 2015, nunca tiraram a certidão de nascimento. De lá para cá, segundo o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), 8.957 pessoas com mais de 3 anos foram registrada­s na Bahia.

Quem não tem registro não pode matricular-se em uma escola, internar-se num hospital, abrir conta em ou participar de programas sociais do governo. Não é possível obter créditos ou adquirir uma casa própria, votar ou ser votada. Nasceram, mas não são cidadãos.

Seus nomes não estão em lugar nenhum. Além de não terem certidão de nascimento, elas não têm nenhum documento. “O registro é o documento que lhe dá a oportunida­de de ser cidadão e ter acesso a direitos básicos”, explica a promotora Susi Cerqueira, do Centro de Apoio às Promotoria­s Cíveis do Ministério Público.

A falta do registro acarreta diversos problemas, observa o subdefenso­r público-geral na Bahia, Rafson Ximenes. Quanto mais tarde o registro, pior. “Há casos, principalm­ente no interior, que quando a família vai registrar, já com 10 ou 15 anos, sequer se lembra exatamente a data do nascimento, a idade e até o nome”, afirma.

“Presenciam­os um caso em que duas pessoas tinham a mesma certidão de nascimento. Não eram certidões com o mesmo nome. Era o mesmo número”, narra.

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