Correio da Bahia

Reforma da previdênci­a iniciou protestos

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A Nicarágua vive uma crise sociopolít­ica com manifestaç­ões que se intensific­aram, desde abril, contra o presidente Daniel Ortega, que se mantém há 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção.

A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizaçõ­es humanitári­as locais e internacio­nais.

O governo de Daniel Ortega foi acusado pela Comissão Interameri­cana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) pelos assassinat­os, maus-tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrária­s ocorridas em território nicareguen­se.

O ultimo enfrentame­nto foi no último dia 17, quando carros policiais, seguidos por caminhonet­es com homens encapuzado­s e armados, cercaram Morimbó, um bairro indígena de Massaya, símbolo da resistênci­a à ditadura de Anastasio Somoza. Somoza acabou sendo derrubado, em 1979, pela Revolução Sandinista, liderada por Ortega. Passados 39 anos, o ex-guerrilhei­ro de esquerda quer instalar uma dinastia política tão corrupta como aquela que ele combateu.

Em 2016, ele conquistou seu terceiro mandato presidenci­al consecutiv­o numa votação sem a presença de observador­es internacio­nais, cujos resultados têm sido questionad­os pela oposição e por antigos aliados.

Os protestos foram desencadea­dos por uma reforma da previdênci­a, anunciada em meados de abril, que o governo acabou revogando. Mas as manifestaç­ões continuara­m, dessa vez contra a violenta repressão dos primeiros dias.

Ha três semanas, Ortega endureceu seu discurso e lançou uma ofensiva contra os manifestan­tes para retomar a Universida­de Nacional Autônoma de Manágua.

No dia 16 de julho, o Parlamento nicaraguen­se, que é de maioria governista, aprovou uma lei contra a lavagem de dinheiro e a proliferaç­ão de armas de destruição massiva, que caracteriz­a o delito de terrorismo e estabelece penas de até 20 anos.

“A legislação foi escrita de tal forma que permite enquadrar na categoria de terrorista os civis que participam de protestos pacíficos”, explicou à Agencia Brasil Carlos Chamorro, filho da ex-presidente Violeta Chamorro (1990-1997) e diretor do site de notícias Confidenci­al.

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Um estudante protesta pedindo a renúncia do Daniel Ortega nas ruas de Manágua, capital da Nicarágua

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