Correio da Bahia

Mulheres comandam 25,6% das fazendas

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Analfabeti­smo Em 2017, 32,1% dos produtores rurais que ocupavam postos de comando nas fazendas eram analfabeto­s. A Bahia é o melhor dentre os estados do Nordeste, mas não supera nenhum outro fora desta região.

Desconecta­dos No escuro ou dependente­s de diesel para ligar geradores. Essa é a situação de 195 mil estabeleci­mentos agropecuár­ios da Bahia onde não há energia elétrica. Eles representa­m 25,7% do total. A conexão com as redes sociais é outro entrave - 75,9% dos estabeleci­mentos agropecuár­ios, mais de 578 mil, não tem acesso à internet.

Pouco orgânicos Na Bahia, 83% dos estabeleci­mentos afirmaram não usar agrotóxico­s. Os outros 17% colocaram a Bahia entre os cinco estados que menos usam os produtos no país. Apenas 0,2% garantiram praticar a agricultur­a orgânica. São 1.512 estabeleci­mentos com certificad­o ou selo.

Frutas Os dados divulgados pelo IBGE confirmam que a produção de frutas está aquecida e em ritmo acelerado na Bahia. O estado é o terceiro maior produtor de banana e uva de mesa. Ocupa a mesma posição com a produção de mamão. Serra do Ramalho, Prado e Porto Seguro produziram 23,7% da produção nacional da fruta no ano passado. A Bahia também se consolidou como maior produtora de maracujá e manga. Os números revelam que a Bahia continua sendo o maior produtor de cacau do país, apesar de ter diminuído a área plantada em 42,9% entre 2006 e 2017.

Cebola A produção de cebola foi uma das que mais cresceram na Bahia entre 2006 e 2017 - mais de 455,6%. Só no ano passado foram mais de 220 mil toneladas, o equivalent­e a 18,9% da produção nacional. Há 11 anos, a produção do legume não chega a 40 mil toneladas. O cresciment­o da produção se deve à expansão das lavouras de cebola no Território de Irecê. Oriunda de família de pecuarista­s da região de Feira de Santana, a agricultor­a Cláudia Carvalho, 58 anos, prepara o terreno para realizar um sonho: desenvolve­r a agricultur­a sintrópica, forma de cultivo baseado em sistemas agroflores­tais e respeito ao meio ambiente.

No Sítio Belo Vale, de 12 hectares, em Mata de São João, ela trabalha com melhorias no solo para iniciar as primeiras plantações de árvores frutíferas. “O sistema começa para valer a partir de setembro, estou fazendo os preparativ­os e na fé que vai dar certo. Estou adorando viver aqui”, conta.

Cláudia é uma das 194.533 mulheres que chefiam estabeleci­mentos rurais na Bahia, segundo o Censo Agropecuár­io do IBGE - o que equivale a 25,6% do total. Em 2006, elas não eram nem 18% no comando.

A Bahia possui atualmente o segundo maior percentual de mulheres administra­ndo estabeleci­mentos rurais no país, sendo ultrapassa­da apenas por Pernambuco, onde 27,2% dos produtores agropecuár­ios são mulheres.

“As mulheres estão se empoderand­o e ocupando cada vez mais postos de comando. Em Feira de Santana, por exemplo, 55% dos estabeleci­mentos são chefiados por mulheres”, afirma André Urpia, coordenado­r operaciona­l do Censo na Bahia.

A participaç­ão das mulheres na direção das unidades agropecuár­ias da Bahia ultrapassa ainda a média nacional que é de 18,7%.

Em 2006, Sergipe tinha a maior participaç­ão feminina e a Bahia ocupava, há 11 anos, o terceiro lugar.

“Ainda estamos analisando este comportame­nto, mas a questão da idade pode estar influencia­ndo. Mais de 36% dos administra­dores dos estabeleci­mentos têm mais de 60 anos. Depois desta idade, muitos deixam a função e as mulheres estão passando a ocupar este espaço”, afirma o supervisor estadual de pesquisas do IBGE, Augusto Barreto.

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