Na mira de processos
Dez policiais militares, em média, são alvo de processos administrativos por mês na Bahia por suspeitas de envolvimento com o crime. Segundo a corporação, em 2017, foram abertos 121 processos e, até junho deste ano, outras 54 investigações foram iniciadas. O dado foi divulgado após uma solicitação do CORREIO.
A Polícia Militar não especificou os motivos dos processos. A assessoria de comunicação informou apenas que “as situações são variadas e não há como indicar uma única conduta como prevalente”.
Anteontem, três soldados foram indiciados pela Polícia Militar da Bahia por envolvimento na morte do artista plástico Manoel Arnaldo dos Santos Filho, o Nadinho, em Candeias, Região Metropolitana de Salvador (RMS). O Inquérito Policial Militar (IPM) terminou com o indiciamento dos PMs Edvaldo Nunes de Almeida, Leandro Santos Xavier e Dinalvo dos Santos Paixão por homicídio doloso (quando há intenção de matar).
Arnaldo Filho, 61 anos, morreu após ter sido baleado nas costas durante uma operação policial. O crime aconteceu dentro da casa que funcionava como ateliê do artista plástico, no dia 21 de abril.
Sobre o resultado dos processos, a assessoria da PM informou que “colhe os indícios (dos casos) e os remete à Justiça. Cabe ao MP oferecer ou não a denúncia e ao Poder Judiciário promover o julgamento”.
Para especialistas, o número de processos instaurados contra PMs poderia ser maior. O presidente da Comissão de Direito Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA), Jerônimo Mesquita, acredita que as vítimas têm medo de denunciar.
“Esse número (média de dez por mês em todo o estado) é ínfimo se comparado com a dinâmica da nossa segurança pública. Na semana passada, recebemos moradores do Nordeste de Amaralina e em uma hora de reunião foram listados mais de dez casos de abuso da força policial. Isso em apenas um bairro de Salvador, imagine na Bahia inteira. O que acontece é que as vítimas têm medo de denunciar”, disse Jerônimo.