Muito longe de ser futebol...
A partida entre Bahia e Cerro-URU, na última quarta-feira, no estádio de Pituaçu, pelo jogo de ida da segunda fase da Copa Sul-Americana, terminou com os tricolores festejando o triunfo por 2x0. Mas, fora de campo, a noite foi marcada por confusões e acusações de racismo.
Torcedores do Bahia relataram ao CORREIO que foram vítimas de racismo por parte da torcida uruguaia. Segundo eles, os visitantes imitaram macacos. De acordo com o estudante Paulo Araújo, de 21 anos, o clima já era tenso antes mesmo da bola rolar.
“Poucos antes de começar o jogo, um sinalizador foi acendido na torcida do Cerro. Eles chegaram a jogar o sinalizador no campo e a confusão se formou no alambrado que separava as duas torcidas. Foi nesse momento que os uruguaios começaram a fazer gestos de macacos. Um torcedor do Bahia, que é primo de uma amiga minha e que estava no estádio também, chegou a sinalizar para os policiais, mas ele é que foi agredido pela polícia”, contou.
Em vídeos divulgados nas redes sociais é possível ver o momento em que os torcedores uruguaios fazem gestos obscenos e insultos racistas para os tricolores. A atitude foi o estopim para uma confusão se formar nas arquibancadas. Em nota, a Polícia Militar informou que o Batalhão Espe- cializado em Policiamento de Eventos (Bepe) precisou atuar em um princípio de confusão entre torcedores no setor visitante e que dois uruguaios foram levados para a delegacia. A PM, no entanto, não registrou os casos de racismo.
Essa não é a primeira vez que os brasileiros são vítimas de racismo em torneios na América do Sul. Além do jogo do Bahia, outros seis casos foram registrados nos últimos nove meses. Pela Libertadores, torcedores do Vasco foram chamados de macacos pela torcida do Racing durante partida no estádio El Cilindro, em Avellaneda, na Argentina, em abril. Um dia antes, a torcida do Corinthians foi alvo do mesmo ataque, também em Avellaneda, mas da torcida do Independiente.
As confusões entre torcedores de Bahia e Cerro também foram registradas fora do estádio. Após a partida, carros que estavam estacionados na Avenida Gal Costa foram apedrejados por alguns uruguaios.
Vítima dos ataques, o engenheiro Matheus Teixeira, de 27 anos, conta que o tumulto teve início após membros de uma torcida organizada do Bahia entrarem em confronto com os visitantes.
“Eu estava na fila para sair do estacionamento, a torcida do Cerro começou a chegar para pegar o ônibus, cerca de 30 pessoas. Em questão de dois minutos chegou um grupo da Bamor com rojões, barras de ferro, madeira, e partiu para cima”, conta Matheus, que ficou no meio da briga.
“Como os torcedores do Cerro estavam em maior número, eles conseguiram dispersar os torcedores da Bamor, mas depois disso os uruguaios se voltaram para os carros e começaram a quebrar os veículos que estavam na fila. Quando jogaram dois objetos no meu carro, eu saí pela contramão e fui parar lá na Pinto de Aguiar”, continua o engenheiro.
Ainda de acordo com Matheus, não havia policiamento no local no momento do confronto. Ao CORREIO, a Polícia Militar afirmou que não foi acionada para atendimento fora do estádio. Já a Torcida Organizada Bamor negou ter participado de qualquer tipo de confusão com torcedores uruguaios dentro ou fora do estádio.