Correio da Bahia

Muito longe de ser futebol...

- Gabriel Rodrigues

A partida entre Bahia e Cerro-URU, na última quarta-feira, no estádio de Pituaçu, pelo jogo de ida da segunda fase da Copa Sul-Americana, terminou com os tricolores festejando o triunfo por 2x0. Mas, fora de campo, a noite foi marcada por confusões e acusações de racismo.

Torcedores do Bahia relataram ao CORREIO que foram vítimas de racismo por parte da torcida uruguaia. Segundo eles, os visitantes imitaram macacos. De acordo com o estudante Paulo Araújo, de 21 anos, o clima já era tenso antes mesmo da bola rolar.

“Poucos antes de começar o jogo, um sinalizado­r foi acendido na torcida do Cerro. Eles chegaram a jogar o sinalizado­r no campo e a confusão se formou no alambrado que separava as duas torcidas. Foi nesse momento que os uruguaios começaram a fazer gestos de macacos. Um torcedor do Bahia, que é primo de uma amiga minha e que estava no estádio também, chegou a sinalizar para os policiais, mas ele é que foi agredido pela polícia”, contou.

Em vídeos divulgados nas redes sociais é possível ver o momento em que os torcedores uruguaios fazem gestos obscenos e insultos racistas para os tricolores. A atitude foi o estopim para uma confusão se formar nas arquibanca­das. Em nota, a Polícia Militar informou que o Batalhão Espe- cializado em Policiamen­to de Eventos (Bepe) precisou atuar em um princípio de confusão entre torcedores no setor visitante e que dois uruguaios foram levados para a delegacia. A PM, no entanto, não registrou os casos de racismo.

Essa não é a primeira vez que os brasileiro­s são vítimas de racismo em torneios na América do Sul. Além do jogo do Bahia, outros seis casos foram registrado­s nos últimos nove meses. Pela Libertador­es, torcedores do Vasco foram chamados de macacos pela torcida do Racing durante partida no estádio El Cilindro, em Avellaneda, na Argentina, em abril. Um dia antes, a torcida do Corinthian­s foi alvo do mesmo ataque, também em Avellaneda, mas da torcida do Independie­nte.

As confusões entre torcedores de Bahia e Cerro também foram registrada­s fora do estádio. Após a partida, carros que estavam estacionad­os na Avenida Gal Costa foram apedrejado­s por alguns uruguaios.

Vítima dos ataques, o engenheiro Matheus Teixeira, de 27 anos, conta que o tumulto teve início após membros de uma torcida organizada do Bahia entrarem em confronto com os visitantes.

“Eu estava na fila para sair do estacionam­ento, a torcida do Cerro começou a chegar para pegar o ônibus, cerca de 30 pessoas. Em questão de dois minutos chegou um grupo da Bamor com rojões, barras de ferro, madeira, e partiu para cima”, conta Matheus, que ficou no meio da briga.

“Como os torcedores do Cerro estavam em maior número, eles conseguira­m dispersar os torcedores da Bamor, mas depois disso os uruguaios se voltaram para os carros e começaram a quebrar os veículos que estavam na fila. Quando jogaram dois objetos no meu carro, eu saí pela contramão e fui parar lá na Pinto de Aguiar”, continua o engenheiro.

Ainda de acordo com Matheus, não havia policiamen­to no local no momento do confronto. Ao CORREIO, a Polícia Militar afirmou que não foi acionada para atendiment­o fora do estádio. Já a Torcida Organizada Bamor negou ter participad­o de qualquer tipo de confusão com torcedores uruguaios dentro ou fora do estádio.

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Policiais militares tentam conter os “brigões” na torcida do Cerro. Depois do jogo houve briga fora de Pituaçu
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