Correio da Bahia

O jogador que superou um linfoma

- DR. GUILHERME PERINI, MÉDICO HEMATOLOGI­STA DO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN EM SÃO PAULO

Muito se fala dos benefícios em praticar exercícios físicos regularmen­te como maneira de se evitar doenças e auxiliar no desenvolvi­mento de um organismo equilibrad­o. Por outro lado, ainda é pouco abordado a importânci­a dos exercícios físicos durante o tratamento oncológico, seja qual for o câncer ou faixa etária acometida.

Recentemen­te, ganhou destaque a história do jogador meio-campo Joe Thompson, de 29 anos, que joga pela terceira divisão do campeonato inglês de futebol no Rochadale. Joe foi diagnostic­ado com linfoma de Hodgkin (LH) em 2013, mas mesmo depois do sucesso do tratamento quimioterá­pico, a doença recidivou em 2017.

O linfoma de Hodgkin é um câncer raro de sangue que atinge principalm­ente os linfonodos, pequenos órgãos do sistema linfático, responsáve­is, entre outras funções, pelo amadurecim­ento das células responsáve­is pela imunidade.

Joe enfrentou o longo tratamento do câncer e, apesar da intensidad­e, superou a doença, fez o gol da vitória e salvou seu time do rebaixamen­to neste último mês. Ele recebeu apoio familiar e dos colegas de campo, se tornando mais um exemplo de como é possível se recuperar desse tipo de linfoma e, muitas vezes, retornar a vida habitual antes do tratamento.

Este é um tipo de câncer com estimativa de 2.5302 novos casos em 2018 no Brasil e, pelo número baixo de casos, o conhecimen­to é ainda mais limitado. Porém, há altos índices de cura com os avanços no portfólio de tratamento­s, como, por exemplo, a chegada da terapia-alvo no Brasil. Hoje em dia, a taxa de cura chega a 80% ainda nas primeiras linhas de tratamento e, ainda assim, outros 20% ainda tem opções promissora­s, como com o brentuxima­be vedotina e o nivolumab, entre outros.

Os principais sintomas do linfoma de Hodgkin são febre, perda de peso, coceira e fadiga. Em especial em relação à fadiga, há estudos mostrando a importânci­a dos exercícios físicos que, quando aliados ao tratamento quimioterá­pico, atuam na redução desse sintoma e proporcion­am maior qualidade de vida.

Além disso, as atividades não interferem no tratamento oncológico como um todo. Os exercícios também possibilit­am aos pacientes uma melhora na composição corporal e na diminuição da ansiedade, sintoma comum em pacientes ao receberem o diagnóstic­o de um câncer.

Importante salientar que cada paciente é único e existem algumas limitações que podem ocorrer devido aos efeitos colaterais da quimiotera­pia. A recomendaç­ão é sempre conversar com o seu médico antes de qualquer decisão. No caso do jogador Joe, vimos uma história de superação, um exemplo das altas taxas de cura em alguns tipos de câncer e a possibilid­ade do retorno à rotina habitual após o tratamento oncológico.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil