Agricultura familiar produz 90% dos orgânicos na Bahia
produção ser mais demorado, a gente tem que produzir as próprias sementes. É difícil encontrar sementes orgânicas. E quando encontramos, elas chegam a custar o dobro do preço das tradicionais”, diz Édio Gomes, que produz alimentos orgânicos há mais de 30 anos na região de Monte Gordo, no Litoral Norte da Bahia.
Seu Édio aprendeu a produzir orgânicos com o pai. Hoje, cinco pessoas da família trabalham no Sítio Gomes, de onde saem hortaliças, frutas, doces, bolos e compotas orgânicas. Os produtos podem ser encontrados na Feira Agroecológica que funciona toda sexta-feira dentro do Campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Ainda sem selo, a família conseguiu conquistar os clientes porque desenvolveu um processo de confiança direta com os consumidores. O sítio está sempre aberto para quem quiser verificar de perto o processo de produção. Mas, há dois anos, a família começou um processo de certificação que ainda não ficou pronto. Segundo o Conselho Brasileiro de Produção Orgânica, o mercado nacional de orgânicos cresce 20% ao ano no Brasil. A estimativa é que alcance mais de US$ 36 bilhões nos próximos 5 anos. Já um estudo realizado pelo Sebrae mostrou que 90% dos produtores orgânicos da Bahia são pequenos agricultores familiares e 10% são grandes empresas.
A pesquisa indicou os cinco principais gargalos para o desenvolvimento dos orgânicos no estado. “Os agricultores enfrentam problemas para conseguir os insumos apropriados para este tipo de produção, têm os entraves na comercialização, a falta de assistência técnica, a logística. Muitos alimentos são perecíveis e precisam se escoados rapidamente. Na escala de gargalos, a certificação aparece em quinto lugar. Tanto para os que querem entrar neste mercado quanto para os que querem regularizar”, diz Ana Carolina Lima.
Para incentivar o segmento, o Sebrae mantém projetos específicos de apoio e soluções para os produtores. Um deles é o Sebrae TEC, que oferece inovação e tecnologia, além de subsídios para os agricultores que queiram a certificação pelo Instituto Biodinâmico.
“A questão financeira é o que mais tem provocado demora no avanço destes agricultores. O Sebrae subsidia essa certificação. O valor do teto do projeto é R$ 21.400,00. Mas ao invés de pagar este valor, o produtor cadastrado vai pagar apenas R$ 6.420,00”, acrescenta.
Para ter acesso a informações sobre o programa de certificação basta procurar uma das unidades do Sebrae na Bahia. O estudo também destaca regras para quem pensa em exportar este tipo de alimento. Além de possuir certificação dos produtos, é necessário atender as exigências do país importador. O maior mercado consumidor externo de produtos orgânicos são os Estados Unidos, seguidos da Alemanha e Canadá.
A pesquisa do Sebrae também indica que o segmento orgânico tem consumidores fiéis, apesar do preço mais elevado dos produtos em relação aos convencionais. Quem consegue vencer as primeiras barreiras, costuma conquistar espaço cativo no setor.