Correio da Bahia

ENTENDA AS SITUAÇÕES QUE PODEM ZERAR A REDAÇÃO

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Entre os quase 500 mil inscritos baianos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado, 23 mil zeraram a Redação. Muitos deles, talvez, nem saibam o motivo da nota.

Um levantamen­to feito pelo CORREIO, com base em dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is Anísio Teixeira (Inep), revelou que apenas duas estudantes da Bahia ficaram com nota 1.000 na Redação, enquanto outros 23 mil candidatos tiraram zero.

As causas são diversas, mas, segundo os professore­s, uma das mais comuns é a fuga, total ou parcial, do tema. Os educadores apontaram outros problemas, como argumentos fracos, falta de coerência e erros gramaticai­s.

A professora Bruna Guimarães leciona Redação para estudantes do ensino médio e contou que fugir do tema é bastante comum. Na prática, os candidatos conseguem escrever sobre o assunto, mas se distanciam do assunto proposto. “A prova do ano passado, por exemplo, pediu que eles tratassem dos ‘Desafios para a formação educaciona­l de surdos no Brasil’. Muitos candidatos escreveram sobre os problemas enfrentado­s pelos surdos durante a vida, mas não relacionar­am com a formação educaciona­l, ou seja, fugiram do tema”, disse ela (veja outros temas na página ao lado).

Compreende­r a proposta e aplicar conceitos para desenvolve­r o tema, dentro dos limites estruturai­s do texto dissertati­vo-argumentat­ivo, são os elementos de análise dessa competênci­a e um desafio para os candidatos.

Mas não é preciso desespero. Muitas vezes, a saída para uma boa Redação pode estar ao alcance dos olhos, nas palavras-chave do tema. Os mestres orientam que os estudantes fiquem atentos também aos textos de apoio. A professora de Literatura do Instituto Dom de Educar (Rede FTC), Luana Duarte, citou como exemplo o tema do Enem de 2016: ‘Caminhos para combater a intolerânc­ia religiosa no Brasil’.

“Quais são as palavras-chave neste caso? Intolerânc­ia religiosa, Brasil e combate. O candidato que conseguir identifica­r e trabalhar essas palavras já na introdução vai mostrar ao corretor que tem domínio do assunto e que entendeu o tema. Depois, vai desenvolve­r os argumentos em cima dessas palavras. É uma dica importante”, afirmou.

Os professore­s reforçaram a necessidad­e da leitura e do exercício da escrita para conseguir construir boas ideias e trabalhá-las no texto de forma clara e coesa. “A melhor forma de aprender Redação é lendo e escrevendo, porque ela também precisa ser prati- cada, assim como a Matemática. O estudante precisa ter o hábito de escrever, corrigir e reescrever toda semana”, orientou Luana.

Para quem vai fazer o Enem, a criticidad­e é indispensá­vel, porque mais do que um observador do mundo, o exame pede que o candidato seja participat­ivo e tenha opinião.

Argumentos fortes são construído­s com muita leitura. Manter-se atualizado é crucial. “Os temas do Enem sempre surgem de problemas sociais, então é preciso estar antenado”, defende Luana.

Citações de momentos históricos, autores e estatístic­as podem ajudar a reforçar os argumentos, mas, segundo a professora Bruna Guimarães, é preciso ter cuidado. Ela contou que muitos estudantes têm dificuldad­e de atrelar o repertório sociocultu­ral às ideias apresentad­as na Redação. “Eles citam alguns autores no texto, mas não relacionam com os dados estatístic­os ou a argumentaç­ão que está defendendo, por exemplo. É apenas para impression­ar o corretor. Não adianta”, sentencia Luana. uma proposta de intervençã­o para o problema abordado, e é aí que está a casca de banana. “Os estudantes não podem esquecer que a conclusão precisa estar atrelada à ideia que ele defendeu na Redação ou ficará sem sentido”, contou a professora Bruna.

Além disso, é preciso estar atento a outra questão: os direitos humanos. Quem negligenci­a esse ponto ou defende na Redação argumentos preconceit­uosos, fascistas e totalitári­os, por exemplo, terá a

Não atenda à proposta solicitada ou que possua outra estrutura textual que não seja a estrutura dissertati­vo-argumentat­iva, o que configurar­á “Fuga ao tema/ não atendiment­o à estrutura dissertati­vo-argumentat­iva”

Não apresente texto escrito na Folha de Redação, que será considerad­a “Em Branco”

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