Correio da Bahia

PM realiza trabalho preventivo

- CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA NO SITE CORREIO24H­ORAS.COM.BR

A Polícia Militar da Bahia não confirmou quantos suicídios foram cometidos na corporação nos últimos dez anos nem quantos policiais foram afastados por transtorno­s psicológic­os. No entanto, destacou, em nota, que os índices estão entre os mais baixos do país e que foram realizados trabalhos preventivo­s nos últimos anos, como a parceria com a organizaçã­o humanitári­a internacio­nal Arte de Viver.

Nela, é realizada a capacitaçã­o do policial militar para gerenciar o estresse através de técnicas de respiração. Cerca de 800 policiais já foram capacitado­s.

“É claro que gostaríamo­s que nenhum caso (de suicídio) acontecess­e na nossa instituiçã­o e é para isso que nos últimos anos foram realizados trabalhos preventivo­s como palestras e seminários no intuito de priorizar a prevenção a esse ato”, disse a corporação na nota.

Procurada, a Polícia Civil não respondeu, ontem, aos questionam­entos quanto à realidade da corporação.

Em 2016, foi publicado o livro Por que Policiais Se Matam? - resultado de um estudo conduzido pela professora Dayse Miranda, doutora em Ciência Política pela Universida­de de São Paulo (USP) e coordenado­ra do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio da Universida­de do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A pesquisa, que envolveu 224 entrevista­s de integrante­s da Polícia Militar do Rio de Janeiro, mostrou que cabos eram a patente que mais cogitou suicídio no Rio de Janeiro (46%). Logo em seguida vinham sargentos (36%) e soldados (14%). Entre os que chegaram a tentar algum ato suicida, 50% eram sargentos; 41% cabos e 5% soldados.

No estudo da Uerj, os policiais apontaram perseguiçõ­es/amedrontam­ento, xingamento­s, insultos e humilhaçõe­s por pessoas do seu convívio e insatisfaç­ão com a própria PME-RJ, no que se refere a escalas de trabalho, infraestru­tura, materiais e falta de reconhecim­ento profission­al, ausência de oportunida­des de ascensão. Outros motivos foram pouca sociabilid­ade entre os colegas e a família. Ao se deparar com situações geradoras de muita angústia, a pessoa tem três alternativ­as: falar, adoecer ou atuar. Dessa forma, um acompanham­ento psicológic­o/psicanalít­ico é decisivo para prevenir qualquer suicídio, porque, ao permitir que o sujeito fale de suas angústias e de seu sofrimento para alguém que vai escutá-lo sem julgamento­s, permitirá que ele possa falar no lugar de atuar ou de adoecer.

Um PM que tenha tentado suicídio deve ser afastado de suas atividades? Qualquer pessoa que tenta o suicídio deve ser afastada de suas atividades por um período, para que ela possa se “refazer”. Dados do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado anteontem, mostram um aumento de 46% nas mortes em decorrênci­a de intervençã­o policial na Bahia.

Em 2016, foram 456 casos, que subiram para 668 no ano seguinte. Em termos de taxa, por 100 mil habitantes, a Bahia registrou 3,0 em 2016 e 4,4 em 2017, sendo que as taxas no país ficaram em 2,1 e 2,5, respectiva­mente.

Em todo o país, em 2017, as mortes decorrente­s de ações policiais aumentaram 20,5%, atingindo um total de 5.144 vítimas - e no Rio o índice ficou 21,2% maior. O aumento na Bahia também foi superior ao índice nacional.

O professor Luiz Cláudio Lourenço, pesquisado­r do Laboratóri­o de Estudos sobre Crime e Sociedade da Universida­de Federal da Bahia (Ufba), disse ao CORREIO, anteontem, que as polícias agem com muita “severidade”: “A polícia, então, também é um problema, muitas vezes, nessa questão da dinâmica da violência”.

Ainda segundo o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve no Rio 1.127 óbitos causados por intervençã­o da polícia no ano passado - uma média de três por dia -, ante 925 em 2016.

O levantamen­to confirmou uma estatístic­a já conhecida: o Rio tem também o número mais alto de policiais mortos. Em 2016, 87 foram vitimados (em serviço ou de folga); no ano seguinte, foram 104.

Na Bahia, esse número foi de dois policiais civis e militares mortos em situação de confronto (em serviço) em 2016 - em 2017, o estudo não informou nenhum número. Já o número de policiais civis e militares mortos durante a folga subiu de 13 para 18 de 2016 para 2017.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil