‘Acompanhamento psicológico é decisivo’
Em todos os casos de suicídio existe um fator em comum: um sofrimento psíquico extremo, associado a uma grande desesperança. É o que afirma a psicóloga Soraya Carvalho, coordenadora do Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (Neps), do Centro Antiveneno da Bahia (Ciave), ligado à Sesab. Ao CORREIO, ela concedeu a entrevista a seguir, por e-mail:
O suicídio está sempre associado a casos de doenças psicológicas? Quais as doenças mais associadas? O suicídio é, antes de tudo, uma manifestação humana, uma forma de lidar com o sofrimento ou mesmo uma saída para a dor de existir. Entretanto, a dor de existir é inerente à condição de estar vivo. Acontece que determinadas contingências da vida podem levar a dor de existir ao limite do intolerável, do insustentável, levando algumas pessoas a se precipitarem em um ato suicida. Dessa forma, embora alguns estudos mostrem uma elevada correlação entre suicídio e transtorno mental, nem todas as pessoas que tiram a própria vida estão acometidas por doenças mentais. Entre os transtornos mentais mais frequentemente associados ao suicídio estão a depressão, como prevalente, a esquizofrenia e a dependência química.
Como deve ser o atendimento a policiais com algum transtorno psicológico? Quando alguém busca ajuda de um profissional para seus problemas existenciais, a relação que será estabelecida entre o paciente e o psicoterapeuta será decisiva para o sucesso do tratamento. Sabemos, todavia, que esse profissional deve ter uma postura de neutralidade, acolhimento e manter sua promessa ética de sigilo. A hierarquia (entre psicólogos oficiais e cabos e soldados), no entanto, já compromete o curso do tratamento.
O quanto o acompanhamento psicológico pode prevenir um suicídio?