Correio da Bahia

Trajetória começou no Cefet-BA

- GIL SANTOS

O aposentado Manoel Eduardo Pinheiro da Silva, 78, trabalhava como inspetor do Ifba quando Anilson entrou na instituiçã­o, em 1978, como aluno. Jovem, o estudante gostava de ir para a escola sem fardamento e era repreendid­o por Manoel.

“Ele era muito educado. Mas quando eu cobrava a farda ele não gostava, mas era incapaz de me desrespeit­ar. Dizia: ‘ Por favor, seu Manu, é só hoje’. E eu liberava” lembra Manoel.

Colega de Anilton, a assistente da equipe médica do Ifba Creuza Nascimento também destaca o quanto o professor era querido. “Eu lembro dele como aluno. São 41 anos no instituto, então a gente sente e fica muito triste”, contou e ainda disse que o Ifba suspendeu o expediente ontem ao meio-dia para que todos pudessem ir ao enterro.

A simpatia e alegria do pró-reitor foram lembradas por alunos dele. O engenheiro Fábio Damasceno, 30, disse que só tem boas recordaçõe­s. “Muito dedicado e comprometi­do. Eu devo muito da minha postura profission­al a ele, que foi uma referência”, comentou. tado Cremildo Queiroz, 65, disse que Anilton era uma pessoa reservada, que não comentava da vida pessoal. “Anilson tinha paixão pela vida. Ele não tinha filhos, então andava com muitos amigos. Estamos todos muito chocados com tudo isso que aconteceu”.

A mãe de Anilson participou do sepultamen­to, mas não quis conversar com a imprensa. Bastante abalada, ela acompanhou o cortejo de dentro do carro de transporte do cemitério. O pró-reitor era filho único. Além de pró-reitor, Anilson Roberto Cerqueira Gomes também era professor de Desenho Técnico do Ifba. Ele foi estudante da instituiçã­o, professor do Campus Salvador e, como pró-reitor, atuou no projeto de expansão I, II, III, IV e V do instituto, cujo objetivo foi implantar, no interior da Bahia, novas unidades.

Anilson começou a vida profission­al em 1996, quando a instituiçã­o ainda era o Centro Federal de Educação Tecnológic­a da Bahia (Cefet-BA). Na época, ele assumiu o cargo de servidor técnico depois de ser aprovado em um concurso público.

O sonho de se tornar professor aconteceu alguns anos depois, quando passou em outro concurso para lecionar no Cefet-BA. Em 2009, o então professor aceitou um novo desafio ao assumir a Pró-Reitoria de Desenvolvi­mento Institucio­nal e Infraestru­tura do Ifba. Desde então, a instituiçã­o foi expandida para 24 cidades no interior do estado e foi criado, em Salvador, o Memorial Para os Ex-Diri- gentes, uma ala destinada à memória da instituiçã­o.

Na manhã de ontem, o clima ainda era de surpresa na sede do Ifba, no bairro do Barbalho, onde Anilson também lecionava. “Ele era uma pessoa espetacula­r. Nunca teve nada com ninguém, nada que desabone a conduta dele. Uma pessoa de paz”, lamenta Alex Anderson, professor da unidade de Simões Filho do Ifba. A instituiçã­o decretou luto oficial e suspendeu as atividades por três dias. O Ifba divulgou nota direcionad­a à comunidade do instituto lamentando a morte. “O Ifba lamenta profundame­nte o ocorrido, ao tempo em que informa que está prestando assistênci­a aos seus familiares, bem como irá acompanhar as investigaç­ões policiais para esclarecim­ento dos fatos”.

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Anilson estudou no Cefet e tornou-se professor e pró-reitor do Ifba

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