Sérgio Moro em Salvador
A professora aposentada Cristina Ribeiro, 60 anos, foi uma das pessoas que ficaram esperando a saída do juiz federal Sérgio Moro, ontem, após o primeiro dia da 3ª edição do Simpósio Nacional de Combate à Corrupção, realizado no Shopping Barra. Ela carregava um cartaz em apoio ao magistrado nos processos da Operação Lava Jato, com a frase “Sérgio Moro, nós te amamos”.
Ao lado de Cristina, um grupo com cerca de 50 pessoas aguardava ansioso a saída de Moro, responsável pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Ele palestrou por 2 horas durante a abertura do evento para uma plateia de 917 pessoas - formada por delegados, estudantes e pessoas da sociedade civil que se inscreveram. Além da sala principal do cinema, onde ele fez a conferência, houve transmissão do evento em outras duas salas.
O juiz, que foi homenageado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e recebeu a Medalha Tiradentes, fez questão de afirmar que a Lava Jato “é fruto de um trabalho em conjunto, desenvolvido com a ajuda da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e, também, da sociedade civil”. O prêmio, criado em 1976, junto com o primeiro estatuto da ADPF, é destinado para pessoas que tenham prestado serviços de destaque à ADPF ou à classe policial em geral.
Moro ainda comparou a operação com o Escândalo do Banestado, na segunda metade de 1990, e ressaltou que o sucesso da Lava Jato está, justamente, no fato de ter conseguido o apoio tanto das instituições quanto da população.“A operação é resultado de muita persistência do Judiciário”, disse.
Para Sérgio Moro, a Operação Lava Jato revela casos de “corrupção sistêmica e que envolvem muita gente”. Nos processos que têm como réus políticos brasileiros, o juiz, sem mencionar a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que “a figura do presidente da República é a de maior visibilidade no Estado e não é possível que as pessoas queiram lideranças que não sirvam de exemplo”.
Moro também aproveitou a oportunidade para declarar apoio à determinação do Supremo Tribunal Federal de que deve existir execução da pena em segunda instância. “É essencial que isso aconteça”, afirmou.
O prefeito de Salvador, ACM Neto, também compareceu ao evento e fez questão de parabenizar Sérgio Moro pela atuação no âmbito da Lava Jato. O gestor municipal corrobora com as ideias do juiz quanto à execução da pena em segunda instância. “Para mim está muito claro: quem tem condenação em segunda instância não poderá ser candidato a qualquer cargo, não interessa se está disputando cargo de deputado estadual ou de presidente da República. A Lei da Ficha Limpa é clara: condenação por órgão colegiado, em segunda instância, inabilita que a pessoa possa ser candidato”, declarou.
Durante toda a manhã de ontem, durante a palestra de Moro, um grupo de manifestantes pró-Lula se reuniu no canteiro central da Avenida Centenário, em frente ao Shopping Barra. Eles protestavam contra a prisão do ex-presidente e, principalmente, contra a determinação da Justiça baiana que proibiu qualquer ato contra o juiz federal dentro das dependências do centro de compras.