Filas, maré baixa e espera pelas obras de dragagem
Para o ambulante Henrique Moreira dos Santos, que trabalha em frente ao terminal do Comércio, o movimento caiu desde a tragédia no ano passado. “Ficou um clima estranho aqui. Não é mais como antigamente, que ficavam aquelas filas enormes”, conta. Sobrevivente do naufrágio, a ambulante Josiane Ramos de Souza não esquece dos momentos de pânico que passou no mar, mas é uma das pessoas que ainda usam o serviço. Ela só não usa mais as lanchas da CL. “Fico esperando a próxima”, conta.
A defensora pública Soraia Ramos Lima, coordenadora das Defensorias Regionais e coordenadora da força-tarefa da tragédia de Mar Grande, conta que a empresa CL Transportes Marítimo alega que o movimento caiu muito e usa isso como argumento para ter um balanço negativo. “Como o juiz bloqueou 5% da renda líquida, eles apresentam um balancete todo mês dizendo que está no vermelho, e aí não se consegue bloquear nada”, explica a defensora. Faltavam duas horas ainda para conseguir fazer a travessia, mas cerca de 30 pessoas formavam uma fila na entrada do Terminal Náutico, no Comércio. O motivo de tanta espera é que mais uma vez o serviço de travessia Salvador-Mar Grande tinha sido interrompido por causa da maré baixa.
“No terminal não tem lugar pra gente sentar. Ficamos em pé quando a maré baixa, esperando para que eles abram”, conta a marisqueira Rita Maria Dias, 50. Segundo a Socicam, “as empresas (CL e Vera Cruz) não vendem antecipadamente suas passagens, só 20 minutos antes da saída de suas embarcações”.
Em Salvador, a espera é na fila, do lado de fora do terminal. Em Mar Grande, o terminal fica na praia, e, por isso, o canal não é profundo o suficiente para que as embarcações consigam operar durante a maré baixa.
Segundo o prefeito de Vera Cruz, Marcus Vinicius, a licitação para que a obra de dragagem seja realizada já está em andamento. “Essa dragagem retira a pedra e areia, e avança mais de 100 metros retirando areia. Então, muda o perfil das embarcações. Vai possibilitar que o terminal receba catamarãs, por exemplo”, explica o prefeito. Segundo a Agerba, a previsão é de que as obras sejam iniciadas até o final do ano e devem durar quatro meses.