Correio da Bahia

Sobreviven­tes dizem que houve omissão de socorro

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No relato dos sobreviven­tes, um ponto em comum: todos confirmam que a lancha do horário seguinte passou, viu o naufrágio e as vítimas, mas não parou. O mesmo fez a lancha que vinha de Salvador logo em seguida. “Um disse que achou que era uma baleia, o outro deu outra desculpa. Eles se omitiram. Teriam salvo muito mais pessoas”, acredita Eduardo.

Os erros da tripulação são apontados, além dos problemas com os coletes. “Não tinha marinheiro embaixo. Todos estavam na cabine. Os coletes estavam todos amarrados. Era nó forte que as pessoas não conseguiam soltar. O socorro demorou muito para chegar”, relata Ana Paula.

A demora na chegada do socorro também foi narrada por Paulo. “Passaram-se duas horas e cadê o Graer (Grupamento Aéreo), cadê a Marinha? Não vinha ninguém”. O primeiro barco a chegar no local, segundo ele, foi um catamarã cinza chamado Raimundo. Só depois chegaram as outras embarcaçõe­s, inclusive da Marinha. Por essas e outras questões, os discursos dos sobreviven­tes são carregados de indignação.

“Não sou navegador e, na época, achei que tinha sido uma fatalidade. Hoje sei que foi negligênci­a e irresponsa­bilidade da empresa CL e uma sequência de erros no resgate das vítimas”, afirma Paulo. Entre todos eles, há indignação e a certeza de que tudo jamais será esquecido. “Tá tudo aqui na minha memória”, diz Ana Paula.

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