Correio da Bahia

Primeiro dia do ano atrai muita gente para Gamboa

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Foram poucos os momentos de agonia na Gamboa até um ano atrás. Os moradores lembram de dois: a queda de um avião bimotor, no dia 22 de janeiro de 2010, e o encalhe de um tubarão, há três anos. “Mas tubarão a gente encontra, às vezes. Eu, surfando, já vi”, diz Afonso Santana, 29, comunicólo­go e morador. Já a queda do bimotor foi realmente atípica, embora não trágica: ninguém ficou ferido.

O dia mais movimentad­o costuma ser um: o primeiro do ano, em festa para Bom Jesus dos Navegantes. “Nessa Gamboa, não tem nem onde passar de tão cheio”, conta dona Branca, 92. E o espaço da Gamboa, aos poucos, deixou de ser apenas dos brancos e rico, comemora dona Branca, ex-cozinheira e ex-marisqueir­a. Os brancos ficavam com tudo, eram os donos de tudo. Os pretos começaram a ser donos também, aparecer”.

Dona Branca referia-se à vizinhança da Penha, onde está o mais luxuoso condomínio de casas de Vera Cruz. Seu Bibico relata a ironia: a família Galvão, dona da CL Transporte Marítimo, proprietár­ia da Cavalo Marinho I, ter sido dona (e ser, segundo ele e outros moradores) “a dona da Penha”.

“Oh! a vida, que ironia”, menciona Bibico. Em 2017, moradores e veranistas da Penha chegaram a propor bloquear a entrada de visitantes no perímetro – ir para lá seria possível apenas pela areia, quando a maré permitisse. Mas a proposta não seguiu. Gamboa e Penha continuara­m separadas apenas por uma linha imaginária.

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