Correio da Bahia

De volta à matriz

- Naiana Ribeiro

Quinze anos após sair de Salvador, a baiana Pitty, 40 anos, volta à terra natal, hoje, com a sua nova turnê, Matriz. O trabalho une influência­s de vários gêneros que fazem parte da bagagem da cantora e compositor­a. “É uma ponte entre meu quartinho dos fundos com violão de nylon, em Salvador, até os dias atuais, usando programaçã­o e beats nas músicas novas”, resume, em entrevista ao CORREIO.

Quem for amanhã no Festival de Inverno Bahia, em Vitória da Conquista, também poderá presenciar um pouco dessa nova fase da roqueira, que apresenta uma versão menor do show.

Com muitos momentos intimistas e cenário composto por desenhos de Eva Uviedo, a apresentaç­ão na Concha traz ainda referência­s do primeiro disco de Pitty, Admirável Chip Novo (2003), e de outros projetos da sua carreira. A abertura da noite ficará por conta de Larissa Luz.

“Esse show foi pensado de forma a trazer as pessoas para o começo de tudo, para as ruas de Salvador, para a simplicida­de de uma banda tocando, mas de forma atual e sem soar nostálgico. Se chama Matriz porque se propõe a entender essa conexão entre uma menina compondo suas primeiras músicas em Salvador até essa relação com eletrônico e outros estilos musicais, e novas parcerias”, completa a artista, que está ansiosa para apresentaç­ão.

No repertório estarão os singles mais recentes Te Conecta, Na Pele, com participaç­ão de Elza Soares, e Contramão, com Emmily Barreto e Tássia Reis, além de sucessos da carreira. “Voltar a tocar aqui é muito especial para mim, por toda história que isso traz. Sinto uma conexão maior com o público por conta da vivência, por ter passado toda minha vida e me construído nessa cidade como pessoa e como artista”, afirma Pitty.

Ainda sem previsão de lançamento, o novo álbum será de estúdio e terá algumas canções lançadas ao longo da turnê. Nas inéditas, Pitty fala da capital baiana de forma mais evidente. “A herança das ruas, cores e sons de Salvador é ainda mais forte e tem aflorado muito nas minhas músicas. Talvez seja o disco mais livre que a gente já fez, com colaboraçõ­es, gente diferente, feito em diversos lugares e circunstân­cias. Vai ser bem plural nesse sentido. Tenho gravado cada música de um jeito”, garante.

A turnê antes do álbum, ela explica, faz parte desse novo ciclo experiment­al. “Queria inverter um pouco a lógica e a gente tava louco pra cair na estrada. Hoje em dia, mais do que nunca, não existe regra. Acho que a tecnologia e as redes cada vez mais possibilit­am inventar novas formas de fazer as coisas”, pontua.

Muita coisa mudou desde que ela saiu de Salvador. Nesses anos, a cantora entrou para história do rock nacional: atravessou uma cena extremamen­te machista, precisou reafirmar-se enquanto mulher roqueira e sair da sua zona de conforto. Há dois anos, Pitty deu à luz sua primeira filha, Madalena. “Ainda estou elaborando e descobrind­o isso. Pensando de forma pragmática, influencia na falta de tempo! (risos). A correria anda maior por ter que encaixar tudo”, pontua.

Apesar das mudanças – hoje ela é uma estrela nacional - a essência permanece. Com uma voz potente, irreverênc­ia, estilo único e personalid­ade forte, a baiana continua ensinando às novas gerações a não julgar o próximo e a lutar contra padrões e preconceit­os.

Pitty virou um símbolo feminista não só na cena local: “Isso tudo está muito entranhado em cada célula do meu corpo. Está marcado, é uma coisa que eu carrego. Está na minha matriz, na formação, no andar nas ruas, no ser mulher em Salvador, no ser roqueira em Salvador. Hoje, mais do que nunca, eu posso sentir a Bahia que carrego em cada centímetro do meu corpo e mente. Ver de fora traz essa oportunida­de, poder olhar sem opressão”, reafirma a cantora. Turnê Matriz, de Pitty, com abertura de Larissa Luz

Hoje, às 18h. Pitty se apresenta por volta de 19h

Na Concha Acústica do TCA

R$100 (inteira) e R$ 50 (meia)

Bilheteria do TCA, nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista ou pelo site Ingresso Rápido

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No show, Pitty une batidas eletrônica­s e diferentes sonoridade­s
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Pitty ficou mais de dois anos longe da estrada e se diz renovada

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