Quase 224 mil alunos estão atrasados
mática, já que, em 2015, obteve pontuação de 244 na primeira disciplina e 245 na segunda.
O subsecretário de Educação da Bahia, Nilson Pitombo, afirmou que a pasta não desconhece os números divulgados ontem pelo Ministério da Educação. “Pelo contrário, por conhecer, a gente se organiza a partir de um programa de abrangência nacional oriundo do MEC. Atualmente, 85% das escolas da rede estadual da Bahia possuem oficinas de leitura e compreensão do pensamento matemático, além de acompanhamento pedagógico específico”, explicou.
No entanto, não foi apenas a Bahia que teve resultados bem abaixo do esperado. Dos 27 estados, apenas nove conseguiram aumentar o desempenho dos alunos em Português e Matemática: Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Goiás, Minas Gerais, Acre, Ceará, Tocantins, Sergipe e Alagoas.
A pesquisa também mostrou que as redes estaduais concentram mais de 80% dos alunos de ensino médio do país e os resultados são os mais preocupantes entre as séries avaliadas. As notas dos dois ciclos do ensino fundamental melhoraram na rede pública do país.
A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Marilene Betros, afirmou que a situação preocupa todo o país. “As mudanças que querem impor ao ensino médio, que não incentivam o pensamento, trazem graves prejuízos cognitivos aos alunos”, disse.
O subsecretário de Educação avaliou que é necessário fazer reformas curriculares que, de fato, tenham implicação nos resultados da educação básica do país.
Marilene disse, ainda, que “não se pode pensar em melhor rendimento da educação se o estado não oferece boa qualidade de trabalho aos professores. Não há valorização do profissional, que já ganha pouco e ainda precisa, às vezes, comprar um piloto para poder dar aula”.
Os resultados do Saeb não são os únicos que preocupam educadores e governo. De acordo com dados do último Censo Escolar, divulgados no primeiro semestre, o ensino médio brasileiro tem uma taxa de evasão de 11%, chegando a 13% na região Norte do país.
Ainda segundo o Censo e os dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), a Bahia apresenta o segundo menor investimento por aluno da rede estadual do país. Em 2017, o estado investiu apenas R$ 3.837,51 por aluno da educação básica, atrás apenas do Pará, que gastou R$ 3.626,41.
O ensino médio público da Bahia teve o 4º menor desempenho do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2015, o mais recente divulgado pelo governo federal. O Ideb, que deve ter mais um resultado divulgado na próxima segunda-feira, mede os dados de aprovação escolar e as médias de desempenho dos alunos no Saeb. Neste ano, o presidente Michel Temer decidiu separar pela primeira vez a divulgação dos dados do Saeb e do Ideb.
A coordenadora da APLB afirmou que a falta de investimento em educação é grave, na Bahia e no Brasil. “Se não há investimento, a educação desce a ladeira e não consegue ter qualidade”, defendeu.
Para a professora Rita Aguiar, que leciona na educação básica do Colégio Estadual Kleber Pacheco, em Lauro de Freitas, a falta de investimento atinge tanto o ensino fundamental quanto o médio. “As escolas precisam muito de investimento e isso não é novidade desse governo”, declarou. Outro resultado negativo identificado a partir de dados do último Censo Escolar é a posição negativa da Bahia na chamada taxa de distorção idade-série, que mede a quantidade de alunos que têm a partir de 2 anos a mais do que é considerado ideal para a série em curso.
Dos 461 mil alunos do ensino médio na rede estadual baiana, quase 224 mil estavam com atraso escolar de dois anos ou mais, o que representa uma taxa de distorção de 48% apenas no ensino médio – bem superior à média das redes estaduais do país, de 32%.
A idade ideal do aluno é definida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.394/1996), partindo do princípio de que cada pessoa deve ingressar no 1º ano do ensino fundamental com 6 anos de idade.
A chamada taxa de distorção idade-série, que mede a proporção de estudantes atrasados nos estudos, é um dos pontos calculados para medir a qualidade da educação pelo Ideb e a correção dos números é uma das metas do Plano Nacional de Educação.
A lista de preocupações com o fluxo escolar dos alunos do ensino médio estadual baiano não termina na distorção idade-série. Segundo informações do último Censo, em 2016, a Bahia registrou o maior índice de reprovação entre alunos do ensino médio de toda a região Nordeste. Um em cada cinco alunos foi reprovado no estado, o que significa uma taxa de 20% - quase o dobro da taxa nacional, que foi de 10,24%.