Correio da Bahia

Antes da crise, setor de eletrodomé­sticos crescia 40% ao mês

-

Quando a marca da Insinuante é extinta, o setor eletrodomé­stico também passa por uma crise expressiva na Bahia. Em 2015, um ano antes do antigo império conquisten­se ter o nome praticamen­te eliminado das ruas, o segmento amargava uma queda de 14,5%; no ano de 2016, chegou a 18%, segundo a Superinten­dência de Estudos Econômicos (SEI).

“O cenário começou a ficar ruim em 2015 - o crédito escasseou, a renda diminuiu, a taxa de juros subiu”, explica o diretor de indicadore­s e estatístic­as da SEI e professor de Economia, Gustavo Pessoti. Sem dinheiro, evidenteme­nte, as famílias deixaram de comprar tantos eletrodomé­sticos como antes. E, o setor que chegava a crescer 40% por mês, despencou.

Números da Junta Comercial do Estado (Juceb) ajudam a ilustrar o clima de queda. Em 2010, um dos momentos de maior cresciment­o na venda de eletrodomé­sticos, foram abertas 222 empresas do setor e somente sete fecharam as portas. De 2017 ao dia 31 de julho, já no aprofundam­ento da crise, das 123 lojas abertas, 44 não resistiram ao mercado (quase 36% das novatas). Em 2017, até ocorre uma pequena retomada de 3,4%, mas insuficien­te para reerguer o segmento.

O próprio fechamento da Insinuante repercutiu na conjuntura baiana, acredita Luiz José Pimenta, doutor em Desenvolvi­mento Regional e Urbano e conselheir­o do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon). “Só quantidade de pessoas que ela empregava e deixou, em tese, de empregar, já faz a diferença. Essas pessoas deixaram de consumir e isso é significat­ivo. Temos também os impostos que o governo deixou de receber”. Há também outra justificat­iva levantada por economista­s. A internet se tornou outra razão para o fechamento de lojas do setor. É o que mostra uma pesquisa de 2017, do Conselho Federal de Economia: a compra de geladeiras e fogões, por exemplo, foi realizada 43% das vezes por meio de sites.

A crise sem volta da Insinuante é também sempre ligada a outras perdas da economia baiana, como a Farmácia Sant’Ana, cuja última loja foi fechada em 2018.

 ??  ?? Poucos clientes na loja da Avenida Sete, em frente à Praça da Piedade
Poucos clientes na loja da Avenida Sete, em frente à Praça da Piedade

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil