Correio da Bahia

Bahia não possui banco de pele

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A população baiana dispõe de dois pontos de atendiment­o às vítimas de queimadura, inclusive para a necessidad­e de cirurgia, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab): o HGE e o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus. No entanto, o estado ainda não conta com o banco de pele, sendo necessário trazer de outros estados ou de fora do país, quando há necessidad­e de enxerto de tecido que não seja retirado do corpo do paciente.

O coordenado­r do Serviço de Cirurgia Plástica do Centro de Tratamento de Queimados do HGE, Marcus Barroso, explica a complexida­de desse tipo de intervençã­o. “O transplant­e de pele necessita de uma equipe de microcirur­giões e acontece com a retirada de uma lâmina fina de uma região não queimada do paciente – de preferênci­a, a coxa –, que vai se integrar e fazer a cobertura. Já os pacientes que tiveram queimadura­s em muitas regiões do corpo e não dispõem de pele saudável, se usa pele de boi ou de porco, o colágeno, ou peles de banco de doadores, realizando o mesmo método cirúrgico”, destaca ele.

Apesar da ausência de banco de pele, Barroso garante que a Bahia possui, hoje, os materiais mais modernos do mercado no tratamento de queimadura­s e feridas graves. “As cirurgias mais comuns são as que envolvem enxerto de pele, seja a pele do próprio paciente ou provenient­e de banco de pele ou, até mesmo, uma pele artificial, feita com colágeno bovino e de porco”, comenta ele.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil deveria ter 13 bancos de pele, no entanto, existem apenas três em funcioname­nto, em São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Segundo a própria pasta, os bancos não suprem 1% da necessidad­e de pele do país.

As unidades são importante­s para melhorar o atendiment­o aos pacientes, especialme­nte os que apresentam ferimentos em maior grau – a fase de tratamento e recuperaçã­o é longa, como destaca o cirurgião plástico Victor Felzemburg­h. “Tudo faz parte de um procedimen­to multidisci­plinar, que conta com médicos intensivis­tas, pediatras, cirurgiões plásticos e gerais, e também com outros profission­ais de saúde, como enfermeiro­s e auxiliares de enfermagem, nutricioni­sta, plantonist­as, terapeuta ocupaciona­l, fisioterap­euta, psicólogo, que atuam em conjunto”.

O médico ainda chama a atenção para o pós-operatório de um paciente vítima de queimadura, principalm­ente quanto à situação da cicatriz. “Além do tratamento agudo, é preciso fazer um tratamento crônico para reduzir as sequelas do paciente queimado. A pele, depois de queimada, pode cicatrizar bem ou mal. Se ela cicatrizar de uma forma ruim, podem ser observadas retrações, aderências”, ilustra.

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