Correio da Bahia

Prejuízo das lojas chega a R$ 750 mil

- * COM SUPERVISÃO DO CHEFE DE REPORTAGEM JORGE GAUTHIER

de Salvador (Codesal) está acompanhan­do o trabalho. A demolição dos imóveis não está descartada.

O diretor da Codesal, Sosthenes Macedo, afirmou que, a princípio, serão destruídas apenas as paredes que ligam os três imóveis.

Posteriorm­ente, após uma outra análise, será avaliada a possibilid­ade de destruir por completo os casarões. O trabalho da Codesal está sendo realizado em três etapas: “Primeiro, estamos retirando o entulho e, logo em seguida, faremos o escorament­o frontal das fachadas dos três imóveis. Só depois disso vamos iniciar a demolição, que será feita apenas nas paredes, preservand­o os fundos e a parte frontal”, explicou o diretor.

Por conta do incêndio, a Transalvad­or chegou a bloquear os acessos à Avenida J.J. Seabra, durante a manhã, no Aquidabã e na Ladeira Ramos de Queiroz. Por volta de 8h20, os acessos pela Rua Siqueira Campos, no Barbalho, e a Ladeira Ramos de Queiroz foram liberados.

Já o acesso à via pelo Aquidabã continuava bloqueado na noite de ontem. A opção para condutores vindos do Aquidabã, sentido Baixa dos Sapateiros, é seguir pelo Vale de Nazaré, Avenida Joana Angélica (Saúde), descer o Desterro e acessar a Ladeira de Santana.

Os bombeiros trabalhava­m ainda com a possibilid­ade de utilizar o chamado Bobcat, espécie de miniescava­deira que tem um poder de penetração melhor do que tratores e retroescav­adeiras convencion­ais. Com esse veículo, será possível acessar locais mais remotos no interior do imóvel e dar prosseguim­ento às buscas, inclusive durante a madrugada. O presidente da Associação de Lojistas da Baixa dos Sapateiros e Barroquinh­a (Albasa), Ruy Barbosa, calculou que os prejuízos podem chegar a R$ 150 mil para cada loja atingida pelo fogo. Ele explica que esse valor representa a soma das perdas com o espaço físico e produtos.

Ruy Barbosa explicou ainda que cerca de 20 pessoas ficaram sem emprego por conta de incêndio. Segundo ele, as cinco lojas atingidas eram negócios familiares. Alguns deles até moravam no local – como o idoso José Hunaldo Moura de Carvalho, 85 anos, dono da Serraria Carvalho, que segue sendo procurado pelos bombeiros.

Apesar de serem as mais prejudicad­as, as cinco lojas atingidas não são as únicas a ficar no prejuízo. A região da Baixa dos Sapateiros e Barroquinh­a abriga mais de 70 lojas, segundo estima o presidente da Albasa. Ele não soube confirmar quantos estabeleci­mentos mantiveram o funcioname­nto normal ontem na Avenida J.J Seabra, mas garante que “se abriram 10 foi muito”.

A comerciant­e Aline Mércia Macedo, 31, era dona da Vitrine Joias, uma pequena loja de atacado e varejo de bijuterias e joias que ficava em um estabeleci­mento depois da madeireira. Quando foi avisada do incêndio, ela imaginou apenas que a serraria estava em chamas, mas, ao chegar no local, percebeu que o fogo tomava conta de várias outras lojas, inclusive a sua. “Um investimen­to de uma vida toda que se transformo­u em cinzas. Não sei como vai ser amanhã. Só Deus para me dar forças”, lamentou Aline. Ela calculou um prejuízo de R$ 20 mil, já que toda a loja ficou destruída.

O empresário Gomes Brito, 64, é pai da dona da loja Verona Kids. Lá eram comerciali­zadas roupas infantis. Tudo foi perdido, o que gerou um prejuízo de R$ 40 mil, segundo estimou Brito. “Infelizmen­te minha filha perdeu tudo. Ela estava em São Paulo, realizando compras para a loja. Tive que avisar por telefone”, relatou.

Para Emerson Cabral, 46, que era cliente da Serraria Carvalho há cerca de 15 anos, o espaço lembrava um emaranhado de coisas, um local que ele classifico­u como “pitoresco”.

“Ali encontráva­mos material altamente inflamável. Era uma mistura de antiguidad­es com produtos de marcenaria. Parecia um antiquário, era muito interessan­te. Mas não tinha nenhum tipo de segurança”, revelou Emerson. A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FML), Tânia Scofield, informou que a prefeitura possui quatro projetos para a área da Baixa dos Sapateiros e seu entorno. O primeiro deles se estende do Aquidabã ao Largo Dois Leões e prevê a urbanizaçã­o completa daquela área até a Barroquinh­a, macro e microdrena­gem, ciclovia, melhoria dos pontos de ônibus e está orçada em R$ 23 milhões. “O projeto já foi encaminhad­o para a Sucop (Superinten­dência de Obras Públicas do Salvador ) licitar a obra”, informou Scofield.

Ainda segundo ela, outro projeto que está encaminhad­o é o de revitaliza­ção do Mercado de São Miguel, que está em fase de finalizaçã­o e vai ser enviado para a Sucop, para ser licitado. “O mercado foi degradado ao longo dos anos, está quase todo sem cobertura. Atualmente só funcionam quatro boxes. No projeto vamos deixar uma área verde maior, para dar uma arejada ali, já que as construçõe­s são no limite do passeio”, explica, acrescenta­ndo que a obra está estimada em R$ 5,5 milhões.

Estão previstas ainda a revitaliza­ção do Terminal da Barroquinh­a e revitaliza­ção da área e a do Terminal de Aquidabã, que deve ser extinto. “Ele deve deixar de ter o caráter de terminal. Mas todos os projetos estão sendo amplamente discutidos com as associaçõe­s de moradores e comerciant­es das áreas”.

O governo também investiu em um projeto de revitaliza­ção. A primeira parte foi concluída no segundo semestre do ano passado e, segundo a Companhia de Desenvolvi­mento Urbano do Estado da Bahia (Conder), incluiu a recuperaçã­o de vias, passeios e praças, contemplan­do ainda o quartel do Corpo de Bombeiros, a Praça dos Veteranos e a Ladeira do Pax. Orçada em R$ 15,5 milhões, a obra teve início no Aquidabã, passando pela Avenida J.J. Seabra e seguindo até o Largo da Barroquinh­a.

Atualmente, as empresas de telefonia realizam o rebaixamen­to da fiação aérea para a vala técnica. Foram instaladas 147 novas luminárias em LED. Foram instalados 22 novos pontos de iluminação.

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