Prejuízo das lojas chega a R$ 750 mil
de Salvador (Codesal) está acompanhando o trabalho. A demolição dos imóveis não está descartada.
O diretor da Codesal, Sosthenes Macedo, afirmou que, a princípio, serão destruídas apenas as paredes que ligam os três imóveis.
Posteriormente, após uma outra análise, será avaliada a possibilidade de destruir por completo os casarões. O trabalho da Codesal está sendo realizado em três etapas: “Primeiro, estamos retirando o entulho e, logo em seguida, faremos o escoramento frontal das fachadas dos três imóveis. Só depois disso vamos iniciar a demolição, que será feita apenas nas paredes, preservando os fundos e a parte frontal”, explicou o diretor.
Por conta do incêndio, a Transalvador chegou a bloquear os acessos à Avenida J.J. Seabra, durante a manhã, no Aquidabã e na Ladeira Ramos de Queiroz. Por volta de 8h20, os acessos pela Rua Siqueira Campos, no Barbalho, e a Ladeira Ramos de Queiroz foram liberados.
Já o acesso à via pelo Aquidabã continuava bloqueado na noite de ontem. A opção para condutores vindos do Aquidabã, sentido Baixa dos Sapateiros, é seguir pelo Vale de Nazaré, Avenida Joana Angélica (Saúde), descer o Desterro e acessar a Ladeira de Santana.
Os bombeiros trabalhavam ainda com a possibilidade de utilizar o chamado Bobcat, espécie de miniescavadeira que tem um poder de penetração melhor do que tratores e retroescavadeiras convencionais. Com esse veículo, será possível acessar locais mais remotos no interior do imóvel e dar prosseguimento às buscas, inclusive durante a madrugada. O presidente da Associação de Lojistas da Baixa dos Sapateiros e Barroquinha (Albasa), Ruy Barbosa, calculou que os prejuízos podem chegar a R$ 150 mil para cada loja atingida pelo fogo. Ele explica que esse valor representa a soma das perdas com o espaço físico e produtos.
Ruy Barbosa explicou ainda que cerca de 20 pessoas ficaram sem emprego por conta de incêndio. Segundo ele, as cinco lojas atingidas eram negócios familiares. Alguns deles até moravam no local – como o idoso José Hunaldo Moura de Carvalho, 85 anos, dono da Serraria Carvalho, que segue sendo procurado pelos bombeiros.
Apesar de serem as mais prejudicadas, as cinco lojas atingidas não são as únicas a ficar no prejuízo. A região da Baixa dos Sapateiros e Barroquinha abriga mais de 70 lojas, segundo estima o presidente da Albasa. Ele não soube confirmar quantos estabelecimentos mantiveram o funcionamento normal ontem na Avenida J.J Seabra, mas garante que “se abriram 10 foi muito”.
A comerciante Aline Mércia Macedo, 31, era dona da Vitrine Joias, uma pequena loja de atacado e varejo de bijuterias e joias que ficava em um estabelecimento depois da madeireira. Quando foi avisada do incêndio, ela imaginou apenas que a serraria estava em chamas, mas, ao chegar no local, percebeu que o fogo tomava conta de várias outras lojas, inclusive a sua. “Um investimento de uma vida toda que se transformou em cinzas. Não sei como vai ser amanhã. Só Deus para me dar forças”, lamentou Aline. Ela calculou um prejuízo de R$ 20 mil, já que toda a loja ficou destruída.
O empresário Gomes Brito, 64, é pai da dona da loja Verona Kids. Lá eram comercializadas roupas infantis. Tudo foi perdido, o que gerou um prejuízo de R$ 40 mil, segundo estimou Brito. “Infelizmente minha filha perdeu tudo. Ela estava em São Paulo, realizando compras para a loja. Tive que avisar por telefone”, relatou.
Para Emerson Cabral, 46, que era cliente da Serraria Carvalho há cerca de 15 anos, o espaço lembrava um emaranhado de coisas, um local que ele classificou como “pitoresco”.
“Ali encontrávamos material altamente inflamável. Era uma mistura de antiguidades com produtos de marcenaria. Parecia um antiquário, era muito interessante. Mas não tinha nenhum tipo de segurança”, revelou Emerson. A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FML), Tânia Scofield, informou que a prefeitura possui quatro projetos para a área da Baixa dos Sapateiros e seu entorno. O primeiro deles se estende do Aquidabã ao Largo Dois Leões e prevê a urbanização completa daquela área até a Barroquinha, macro e microdrenagem, ciclovia, melhoria dos pontos de ônibus e está orçada em R$ 23 milhões. “O projeto já foi encaminhado para a Sucop (Superintendência de Obras Públicas do Salvador ) licitar a obra”, informou Scofield.
Ainda segundo ela, outro projeto que está encaminhado é o de revitalização do Mercado de São Miguel, que está em fase de finalização e vai ser enviado para a Sucop, para ser licitado. “O mercado foi degradado ao longo dos anos, está quase todo sem cobertura. Atualmente só funcionam quatro boxes. No projeto vamos deixar uma área verde maior, para dar uma arejada ali, já que as construções são no limite do passeio”, explica, acrescentando que a obra está estimada em R$ 5,5 milhões.
Estão previstas ainda a revitalização do Terminal da Barroquinha e revitalização da área e a do Terminal de Aquidabã, que deve ser extinto. “Ele deve deixar de ter o caráter de terminal. Mas todos os projetos estão sendo amplamente discutidos com as associações de moradores e comerciantes das áreas”.
O governo também investiu em um projeto de revitalização. A primeira parte foi concluída no segundo semestre do ano passado e, segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), incluiu a recuperação de vias, passeios e praças, contemplando ainda o quartel do Corpo de Bombeiros, a Praça dos Veteranos e a Ladeira do Pax. Orçada em R$ 15,5 milhões, a obra teve início no Aquidabã, passando pela Avenida J.J. Seabra e seguindo até o Largo da Barroquinha.
Atualmente, as empresas de telefonia realizam o rebaixamento da fiação aérea para a vala técnica. Foram instaladas 147 novas luminárias em LED. Foram instalados 22 novos pontos de iluminação.