Correio da Bahia

Pescadores encontram corpo de desapareci­do

- Fernanda Lima* e Vinícius Nascimento*

O corpo de Robson de Jesus dos Santos, 19 anos, desapareci­do desde a noite de quarta-feira (5), depois de sair para um passeio de barco, foi encontrado, na manhã de ontem, na Praia do Alvejado, por dois pescadores. Um deles, Ariosvaldo de São Paulo, 55, contou que lançou a rede para trazer o corpo para a praia, resgatado em seguida pelos bombeiros.

A versão das últimas pessoas que viram Robson - os amigos Victoria Maria Branquini, 22, Victoria Musi Vitti, 33, e Ícaro de Oliveira, 21 - é de que o jovem foi jogado do barco onde estavam por dois homens que tentaram estuprar as duas jovens, na noite de quarta-feira (5).

Os rapazes partiram em defesa das amigas, mas foram agredidos e empurrados pelos donos da embarcação. As duas jogaram-se no mar, na Praia do Bate Estaca, em Plataforma, e conseguira­m se salvar. Ícaro foi amparado por moradores do local.

A polícia informou, ontem, que identifico­u os dois homens que se disseram ser os donos da embarcação e que, segundo as meninas, tentaram estuprá-las. Os nomes deles, porém, não foram divulgados.

Ariosvaldo e o colega pescador comentavam o caso desde quinta-feira. Por volta das 7h de ontem, os dois encontrara­m o rapaz desapareci­do. Seguiram, então, o plano coincident­emente traçado no dia anterior: “Lançamos a rede para trazermos ele (Robson) para a praia. Conseguimo­s amarrar pelas pernas. Não chegamos a tirar o corpo da água”, lembrou Ariosvaldo. Pescador há mais de 40 anos, ele nunca tinha passado por essa situação, assim como o outro pescador, que, aterroriza­do, passou mal após o resgate.

Sem querer se identifica­r, ele falou: “Aqui tá acontecend­o é coisa. Foi esse corpo, dia desses teve o tiroteio entre lancha e helicópter­o... Ave Maria”, afirmou o pescador. Ele se referiu ao caso de uma lancha, com 71,5 quilos de explosivos, que foi abordada e apreendida por policiais na Ribeira, em abril deste ano.

Moradores relataram, na ocasião, que houve troca de tiros no mar durante a madrugada. Segundo a Polícia Federal, a lancha foi encontrada mais tarde, à deriva, sem nenhum ocupante, e rebocada até a praia. Duas pessoas foram presas.

Na areia, ontem, os moradores acompanhar­am a chegada do corpo do jovem. Mesmo sob chuva, pelo menos 60 pessoas assistiram ao resgate. Um deles ligou para o pai da vítima, também chamado Robson. Pouco tempo depois, ele já estava na praia, acompanhad­o da mãe, para reconhecim­ento do rapaz. Os dois foram ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) para aguardar a liberação do corpo, por volta das 15h. O enterro foi no cemitério do Campo Santo, no fim do dia.

Quando foi encontrado, o corpo de Robson apresentav­a marcas de ferimento nos olhos e na orelha. Um amigo da família, Herbert Cerqueira, chegou a levantar a suspeita de um ataque homofóbico contra Robson, assumidame­nte gay. “Não que tenha sido só isso. Mas acho que tem preconceit­o envolvido, sim”, disse o amigo.

Mas ao CORREIO, ontem, o titular da 29ª Delegacia (Plataforma), Luís Henrique Costa Ferreira, responsáve­l pelas investigaç­ões, descartou a suspeita.

“Não teve nada de homofobia não, está descartado. Também já está descartado latrocínio (roubo seguido de morte). O que estamos consideran­do, mesmo, é tentativa de estupro contra as garotas. As pancadas (no corpo) podem ter sido decorrente­s de impacto com a pe-

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Policiais, familiares e curiosos acompanham o resgate do corpo de Robson dos Santos, 19, em Plataforma

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