Correio da Bahia

‘A família hoje chora’, diz pai de jovem

- *COM ORIENTAÇÃO DO CHEFE DE REPORTAGEM JORGE GAUTHIER. COLABOROU TAILANE MUNIZ

dra”, afirmou o delegado.

A versão apresentad­a em depoimento pelos amigos sobreviven­tes é de que os três estavam em um bar, na Ribeira, quando foram convidados por dois desconheci­dos para um passeio no mar, na tarde da última quarta (5). Eles retornaram para a Ribeira, às 18h30, para buscar Robson e retomaram o trajeto até Plataforma.

No mar, os dois tentaram estuprar as meninas e empurraram Robson e Ícaro no mar. As duas mulheres conseguira­m pular da embarcação e nadaram até a Praia do Alvejado. Nenhum objeto foi roubado das vítimas pelos suspeitos, que continuam sendo procurados.

Victoria Branquini, uma das vítimas, chegou a publicar, no Instagram, uma foto do passeio em que os dois homens aparecem, mas deletou a publicação. Desde a tarde de quinta-feira (6), no entanto, a polícia começou a visitar alguns endereços em busca dos suspeitos.

O delegado adota cautela: “Eu estou evitando falar muito, para que, antes de chegar até eles, não estejam já do outro lado do país”.

As duas mulheres receberam um documento na delegacia para realizar um exame de corpo de delito, ontem. Nessa segunda-feira (10), elas e Ícaro retornarão à unidade policial para novos esclarecim­entos.

Todos devem fazer novamente o trajeto realizado no dia do passeio pelo mar da Pe- nínsula de Itapagipe para ajudar os policiais a encontrare­m os suspeitos. “Iremos em todos os locais até encontrá-los”, afirmou o delegado.

O barco - modelo de pesca - ainda não foi encontrado, apesar das buscas pela região. O delegado Luís Henrique afirmou que os responsáve­is pelo crime vão responder por homicídio, lesão corporal leve e tentativa de estupro contra as duas mulheres. Segundo ele, a pena, para cada um, deve chegar a 20 anos de prisão. Conforme a Polícia Civil, o retrato falado dos bandidos já foi solicitado.

Cerca de 300 pessoas, entre familiares e amigos, participar­am do sepultamen­to de Robson, no Campo Santo, ontem. O clima foi de comoção.

Bastante abalada, a mãe do rapaz relutou até ter coragem de entrar na sala onde era velado o corpo do filho. Ela, que tem uma outra filha, chorava muito e dizia que não estava preparada para viver aquele momento. Amparada, se aproximou do caixão, onde permaneceu até que o cortejo saísse.

O corpo foi enterrado às 19h, sob muitos aplausos. Muitos jovens, amigos da vítima, participar­am da cerimônia. Amigo da família, o servidor público Luiz André de Jesus, 40, destacou que o menino era uma pessoa pacífica e sem maldade.

“Ele era tão do bem, tão ingênuo, que caiu nessa cilada. Se ele acreditass­e na maldade do mundo, não teria morrido dessa forma trágica”, afirmou Luiz ao CORREIO.

Ainda conforme o servidor público, Robson dividia a vida entre o Jardim Cruzeiro, onde morava o pai, e Itinga, na Regitão Metropolit­ana de Salvador (RMS), onde morava a mãe. “Ele era muito querido por todos. A família está realmente bastante abalada”, comentou ele, acrescenta­ndo que Robson tinha uma irmã por parte de mãe e um irmão por parte de pai.

As outras três vítimas, amigos de Robson, não foram ao enterro. O pai, Robson dos Santos, bastante emocionado, relembrou o pedido feito, no dia do desapareci­mento, ao filho, a quem também deu o nome de Robson. Não esquece que pediu para o filho não ir para a Ribeira, de onde embarcou com um grupo de amigos e dois desconheci­dos. “A família hoje chora. (Normalment­e) O filho que enterra o pai. Hoje, cumprirei a missão mais difícil de todas. Tanto que eu pedi pra ele não ir”, desabafou.

O pai pediu, também, por justiça: “Eu acredito que vão encontrar as duas pessoas que fizeram isso (os suspeitos que empurraram a vítima no mar)”, disse o pai.

Abraçado ao filho Robson, a avó do jovem, Maria Madalena de Jesus, pensou nos planos abortados para o futuro do neto. Ela iria pagar um curso de cabeleirei­ro para ele, previsto para o próximo mês. Agora, precisavam planejar o enterro do rapaz.

“Um menino tão alegre, tão querido, que se foi. A dor é muito grande”, emocionou-se a avó. Anteontem, uma das tias de Robson, Cláudia dos Santos, havia perguntado a uma das garotas: “Como é que vocês podem ir para um barco com dois desconheci­dos?”.

Robson morava com o pai, a madrasta e o irmão mais velho, no bairro de Jardim Cruzeiro, e recebeu, por volta de 18h30 da quarta-feira (5), o convite de Ícaro para passear de barco. Avisou ao pai - que pediu para que ele não fosse - e saiu.

O rapaz era procurado há dois dias por equipes do 13º Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros e foi o pai quem o reconheceu, no local. As buscas tiveram a participaç­ão de seis bombeiros militares, sendo dois na motoaquáti­ca, dois numa embarcação da Marinha e dois por terra.

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Robson dos Santos (de rosa) chora abraçado à avó da vítima

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