Correio da Bahia

Cacauicult­ura tem peso no PIB do Brasil

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dor capixaba Francisco Durão, na qual a árvore fica em forma de taça. Esta técnica deixa a planta mais baixa, com os ramos mais grossos para suportar a carga e permite a inserção correta de luz solar, crucial para a realização da fotossínte­se. De acordo com os técnicos, a poda circular é capaz de triplicar o metabolism­o da planta.

Todo o pomar também foi substituíd­o por clones de novas variedades resistente­s à vassoura de bruxa lançadas pela Ceplac (Comissão Executivo do Plano da Lavoura Cacaueira). De 2014 para cá, o dono do sítio viu a produção inicial de 80 arrobas por hectare aumentar gradativam­ente até atingir as atuais 204 arrobas. São 155% a mais. Hoje o produtor obtém até 75 frutos por pé, um volume 4 vezes maior do que os pomares tradiciona­is.

Nos últimos 3 anos, Tales Rocha já aplicou o método em outros seis pomares de cidades diferentes, com resultados igualmente bem-sucedidos, acima de 150 arrobas por hectare. Agora, em 2018, ele viu crescer também o número de clientes, de seis para 42 produtores rurais. A experiênci­a se espalha por pomares nos municípios de Valença, Mutuípe, Jiquiriçá, Grapiúna e Ituberá.

“Eu pensava em começar este trabalho de consultori­a depois de formado, mas as portas foram se abrindo. As oportunida­des começaram bem antes do que eu imaginava. Eu sempre acreditei que conseguiri­a, só precisava de alguém que acreditass­e neste manejo. A primeira pessoa que acreditou foi minha mãe, depois Cosme”, finaliza o estudante, que deve concluir o curso de Agronomia em dezembro de 2018.

A tecnologia é mais cara. O custo de produção chega a ser seis vezes maior do que o tradiciona­l. Mas os especialis­tas garantem que resultado vale a pena. Além de ver o pomar frutificar com intensidad­e, o cacauicult­or viu os lucros se expandirem e ultrapassa­r os R$ 12 mil por hectare.

“É um bom negócio, porque apesar do investimen­to de quase R$ 9 mil em insumos, ele consegue um faturament­o maior na produção. Ele gasta 45% e fatura a outra parte. Cerca de 65% fica para o produtor rural depois que ele paga todas as despesas, inclusive a mão de obra. É um resultado excelente”, avalia Toni Fontes, instrutor e consultor do Serviço Nacional de Aprendizag­em Rural (Senar), que acompanha a gestão do projeto. A cadeia econômica do Cacau é essencial para o PIB brasileiro (Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas produzidas no país). Ano passado injetou mais de R$ 23 bilhões na economia do país, através da produção e beneficiam­ento das amêndoas. Não é à toa que o cacaueiro sempre foi conhecido como a ‘árvore dos frutos de ouro’.

O setor reúne na Bahia mais de 30 mil produtores rurais. A maioria é de pequeno porte e cultiva menos de 50 hectares. Por causa das doenças que atingiram as lavouras, o segmento viu a produtivid­ade média cair de forma avassalado­ra nas últimas décadas.

Os resultados obtidos no Sítio Rangel se concretiza­m num momento também histórico: os 30 anos da chegada da vassoura de bruxa nos pomares do estado.

“Isso é mais um exemplo que evidencia que o emprego de tecnologia, da gestão, e do manejo adequado do cacau são aliados da rentabilid­ade e da produtivid­ade. Reforça a tese de que a cacauicult­ura é viável”, afirma Guilherme Moura, vice-presidente da Federação de Agricultur­a e Pecuária da Bahia (Faeb) e Presidente da Câmara Setorial do Cacau junto ao Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastaecim­ento (Mapa).

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