Precisa-se de educação
Geralmente associa-se a falta de esgotamento sanitário no país ao fato de que os políticos não gostariam de fazer obra que fica embaixo da terra e não dá visibilidade. Mas há um outro setor bem mais gravoso, também carente de especial atenção, cujos resultados são de longo prazo e terrivelmente negativos e comprometedores para a sociedade brasileira: a educação.
Nos municípios, de cada R$ 4 que ingressam nos cofres públicos um é destinado à educação. Isto é obrigatório. Não se pode então dizer que o problema seja financeiro. É preciso começar a buscar outra razão, que não seja a falta de dinheiro, para explicar a má qualidade do ensino fundamental.
Já na União, os recursos são destinados em larga escala às universidades, que tampouco apresentam resultados satisfatórios. Nossas instituições de ensino superior não se destacam nos rankings internacionais, até hoje não produziram um único Prêmio Nobel, passam distante da integração com o mundo do trabalho, não se preocupam com a pesquisa e a inovação.
Os estados da federação, por sua vez, permanecem largamente indiferentes a uma responsabilidade específica, patinando entre parcela de um ensino fundamental de municipalização incompleta e omisso em relação ao ensino médio, que deveria operar integrado ao técnico profissional e não é oferecido convenientemente.
É preciso romper a inércia, o marasmo, o imobilismo e a indiferença que nos mantêm apáticos em face de uma educação insuficiente, de baixa qualidade e distorcida. Especialmente agora, quando a sociedade começa a perceber que o conteúdo ideológico injetado nas escolas está deformando as novas gerações.
Os pais precisam começar a entender que os seus filhos estão indo à escola, mas não estão aprendendo. Basta ver os baixos índices alcançados nas diversas avaliações, sejam nacionais, como a Ana, o Ideb e o Saeb, ou internacionais, como o Pisa. Também ver a dificuldade com que cada jovem se coloca ante o mercado de trabalho, a má qualificação da mão de obra e a baixa produtividade da nossa economia. É generalizado o despreparo, a falta de cultura e cidadania e até mesmo a desinformação dos egressos da instrução formal.
A situação é tão precária que é preciso começar de novo. É indispensável mudar a formação dos professores do ensino básico – infantil, fundamental, médio e profissional. É preciso ensinar a ensinar. Este tem de ser o ponto de partida para uma ampla e verdadeira
Mas não é possível esperar. Em cada município observa-se grande amplitude entre as notas de desempenho das diversas escolas de cada rede local. Assim como fazem as redes privadas, é preciso que os municípios fortaleçam as coordenações pedagógicas e adotem sistemas próprios de ensino, devidamente contextualizados, de forma a, ao mesmo tempo, diferenciar e qualificar o ensino.
No nível médio, faltam em todo o Brasil professores de Física e Química. Essas disciplinas poderiam ser ministradas na modalidade a distância, com o próprio MEC produzindo os conteúdos, em conformidade com as novas bases curriculares, assegurando um padrão mínimo e comum para todo o país.
A campanha presidencial, contudo, parece passar à margem dessa questão, como se não fôssemos um país com uma placa à porta: precisa-se de educação.
reforma
educacional.