Pai da vítima afirma que foragido não agiu sozinho
e que ele foi no shopping ajudar o filho”, detalhou.
Imagens divulgadas no dia 18 de agosto mostram o suspeito no Salvador Shopping, com camisa social azul. No momento, ele estava com a vítima e fez compras no próprio shopping com o cartão de Michel.
O empresário acrescentou em seu depoimento que, no caminho para a delegacia, notou que estava de bermuda e que, portanto, teria que trocar de roupa. “Então, ele falou que retornou ao shopping, mas as imagens só mostram eles saindo com a vítima, o retorno não acontece. Isso leva a crer que eles estiveram na cena do crime e, por isso, serão indiciados”.
Itazil e Maurício disseram, a princípio, que sequer haviam tido contato com Michel dentro do carro da vítima, mas tiveram que admitir após se reconhecerem nas imagens mostradas a eles por policiais. “Falaram: ‘Esquecemos esses detalhes’”, completou a fonte.
A reportagem teve acesso ainda à informação de que a polícia chegou a três mulheres, na localidade de Barra de Pojuca, Região Metropolitana de Salvador (RMS), que teriam dado abrigo ao autor confesso. Elas foram ouvidas e liberadas. Em depoimento, disseram que o foragido afirmou ter ‘matado um homem em Salvador’, e saiu da casa delas dizendo que ia embora do estado.
Durante as investigações, a Polícia Civil chegou a divulgar fotos do motorista Luciano Pinho da Silva, 35, apontado à época como coautor do crime. Mas o rapaz se apresentou na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV) no dia 22 de agosto e, após passar seis dias preso, foi liberado após segundo interrogatório.
Luciano provou, por meio de declaração da empresa em que trabalha, que estava em serviço no dia do crime. Conforme o advogado do rapaz, Joel Mendes, o GPS do carro do cliente também mostrou que ele não passou pela ‘trilha do crime’.
À época, a polícia afirmou que “não havia a necessidade da manutenção da prisão de Luciano (que era temporária), porque a prisão cumpriu a finalidade na investigação”.
Gabriel confessou o crime ao advogado Hudson Dantas e a familiares, mas não informou a motivação. O advogado, que não representa mais Gabriel, afirmou, também, que pai e filho trabalhavam com compra e venda de carros na Avenida Bonocô. Dantas defende Maurício e Itazil, mas disse que não ia comentar o assunto. Pai do servidor Michel Batista Santana de Sá, o suplente Arnando Lessa disse ao CORREIO que sempre teve a certeza de que Gabriel estava tentando proteger uma pessoa próxima.
“Eu sempre acreditei que o padrasto e o motorista do assassino do meu filho estiveram na cena do crime. E, ainda, na trama de roubo do carro (de Michel). Não sei até que ponto estiveram presentes e o papel de cada um na execução, mas sei que uma pessoa só não teria conseguido finalizar a barbárie”, afirmou Arnando.
Lessa relevou que ele mesmo levou ao conhecimento da polícia a suspeita do envolvimento de Maurício Lucas de Teive e Argolo e ItazilMoreira dos Santos. “Eu recebi várias denúncias anônimas falando do histórico criminal do pai adotivo de Gabriel, corri atrás e levei ao conhecimento do delegado”.
Arnando confirmou ao CORREIO a informação de que imagens mostram a víti- ma acompanhada dos três Gabriel, Maurício e Itazil na tarde do crime e, ainda, sobre o conteúdo contraditório dos depoimentos tanto do empresário quanto do motorista.
O CORREIO apurou que Gabriel morava no bairro de Narandiba, e o padrasto, na Paralela. Arnando Lessa comentou com a reportagem que conheceu o pai biológico do assassino do seu filho, a quem se referiu como “um comerciante, trabalhador honesto, que não participou da formação do rapaz”.
Em tom de indignação, Lessa disse que aguarda que até amanhã - sexta - seja decretada a prisão de Maurício e Itazil. “Acompanho as investigações desde o primeiro dia. Semana que vem completa um mês do assassinato do meu filho e eu tenho muita confiança que a polícia vai elucidar o caso logo”, concluiu.
O Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), por meio da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), investiga o crime.