Correio da Bahia

O retrato do ensino superior

- Mário Bittencour­t

A Bahia tem três alunos no ensino superior privado para cada um matriculad­o em universida­des públicas, segundo dados do Censo da Educação Superior 2017, divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação.

Os dados mostram a expansão das instituiçõ­es privadas no estado, onde, de um total de 133 instituiçõ­es do ensino superior, apenas 10 – seis federais e quatro estaduais – são públicas. Estas, são responsáve­is pela educação de 102.239 alunos, enquanto os demais 321.760 estão nas particular­es, somando 423.999 estudantes.

Em comparação com 2016, os dados apontam para aumento das matrículas nas instituiçõ­es particular­es e redução nas públicas. A Bahia teve um total de 422.320 alunos matriculad­os naquele ano, sendo 310.181 nas privadas, enquanto nas públicas o número chegou a 112.139.

Para especialis­tas em educação, a pesquisa reflete os investimen­tos do governo federal, nos últimos anos, em bolsas de estudo parcial ou integral para ingressos de pessoas de baixa renda em faculdades particular­es, via programas de financiame­nto, como o Fies e o ProUni, e a melhoria da qualidade do ensino das instituiçõ­es privadas.

Hoje em dia, na análise desses especialis­tas, tanto as universida­des publicas, que até um tempo atrás era a escolha direta para alunos que se dedicam mais aos estudos, quanto as privadas possuem capacidade de fornecer educação superior de igual para igual, e às vezes melhor – a depender do curso.

É o caso, por exemplo, do curso de engenharia elétrica. Na Bahia, de acordo com o Inep, são 33 instituiçõ­es que oferecem este curso, seis públicas e 27 particular­es. Douglas Pinto da Silva, 25, é um dos 5.310 futuros engenheiro­s elétricos, ele está no sexto semestre na Universida­de Salvador (Unifacs).

O estudante conta que se interessou pela instituiçã­o depois de fazer nela mesmo um curso técnico em eletroelet­rônica, por meio do Pronatec, programa do governo federal que promove o acesso ao ensino técnico e emprego. “Gostei muito a da estrutura e dos professore­s, da liberdade de criação que temos”, destacou.

Mas não foi fácil entrar no curso. Antes, chegou a estudar engenharia eletrônica na Faculdade Rui Barbosa por três semestres, até que fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de novo e ganhou uma bolsa integral para estudar na Unifacs.

Com a saída da Rui Barbosa, a vaga dele ficou como o Inep chama de “remanescen­te”, que são vagas deixadas por alunos que iniciaram o curso depois a deixaram, seja por desistênci­a ou mudança de cidade ou de instituiçã­o. A Bahia, em 2017, teve 94.077 vagas remanescen­tes, 9.504 nas públicas e 84.573 nas particular­es.

“Estou me sentindo realizado aqui na Unifacs, pois consigo desenvolve­r minha criativida­de e meu interesse pela robótica”, disse ele, que, junto com os colegas Wesley de Andrade Rebouças, Rayanne da Silva Andrade e Félix Limoeiro de Araújo Jú-

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