Correio da Bahia

‘Não podemos ficar entre dois extremos’

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A disputa eleitoral deste ano está longe da definição, acredita o prefeito de Salvador e presidente nacional do Democratas, ACM Neto. Enquanto alguns consideram a campanha em sua reta final, o líder político lembra que o período para a escolha dos governante­s este ano é mais curto e com menos tempo para a apresentaç­ão das propostas. Em entrevista exclusiva para o CORREIO, o prefeito falou sobre as expectativ­as em relação aos candidatos apoiados pelo DEM, a disputa do segundo turno e sobre o trabalho para conciliar a rotina como gestor da capital baiana e de um partido político em período eleitoral.

Como o senhor está vendo essa reta final da campanha neste ano?

Primeiro que eu não acho que estejamos na reta final de campanha ainda. Faltam 18 dias para as eleições, mas esta foi uma campanha que começou tarde demais, foi muito mais curta e só está aquecendo agora. Tenho andado nas ruas, na capital e no interior, e tenho visto que só agora as pessoas começam a entrar no clima de campanha. Parece um pouco com Copa do Mundo. Vai chegando perto e as pessoas dizem ‘o Brasil não está no clima da Copa’, mas quando chega, todo mundo entra no clima. Nós estamos mais ou menos neste momento. Por isso, eu acho que muita coisa ainda pode acontecer até o dia 7 de outubro, seja no plano federal ou no plano estadual. Até aqui a eleição está marcada pela prisão (do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e a facada (no candidato pelo PSL, Jair Bolsonaro).

O que o senhor acredita que dá para fazer em 18 dias?

A propaganda tradiciona­l ficou meio escondida para o eleitor, há uma poluição de campanha muito grande. E o noticiário, que tem maior relevância, ficou concentrad­o nesses dois episódios (a prisão e a facada). Agora, as coisas voltam ao seu equilíbrio. E veja que ontem a declaração do economista Paulo Guedes, que é o chefe da área econômica da equipe de Bolsonaro, permitiu que pela primeira vez durante toda essa campanha se discutisse um elemento da proposta econômica de Bolsonaro – justamente a ideia de recriar a CPMF (tributo que era cobrado sobre movimentaç­ões fi- nanceiras), algo que é rechaçado pela classe média, onde está o eleitor de Bolsonaro. Aí, por exemplo, existe uma janela para se explorar uma contradiçã­o. Há espaço para mostrar que em 30 anos de vida pública, ele não teve a capacidade de aprovar um projeto relevante para o Brasil. Nós não sabemos quais são as propostas dele para educação, saúde, segurança e a economia.

O candidato teve que desautoriz­ar o economista.

E ele (Bolsonaro) já disse que não entende nada de economia, que é o Paulo Guedes quem vai mandar nessa área. Esse é o tipo de risco que não podemos correr. Agora é hora de deixar a emoção de lado e pensar no que é necessário para enfrentar os grandes problemas do país. Não podemos entrar em mais uma aventura. A campanha de Geraldo Alckmin mostra que Bolsonaro é um tiro no escuro e o PT é a volta à escuridão. De certa maneira, o impeachmen­t (de Dilma Rousseff) ajudou o PT a limpar um pouco a sua barra, em função do desastre que é o governo (do presidente Michel Temer). E parte da população esqueceu que os graves problemas vividos hoje foram criados pelo PT.

E aqui na Bahia?

Aqui, nós começamos a campanha com um candidato muito desconheci­do. Nós sabíamos disso, que Zé Ronaldo (DEM) tem amplo conhecimen­to em Feira de Santana e região, mas era desconheci­do no restante do estado. A partir de agora é que as pessoas estão começando a prestar atenção ao programa de televisão. Eu não tenho dúvidas de que ele está crescendo. À medida em que a campanha avança, ele vem sendo cada vez mais reconhecid­o. Esse número que aparece na pesquisa (Ibope/TV Bahia), é um número com o qual eu não concordo. Nós entramos com um pedido de auditoria na pesquisa.

O questionam­ento é em relação ao resultado, que coloca o candidato Rui Costa (PT) em primeiro lugar, ou em relação aos números? Sabemos que Rui ainda está na frente de Zé Ronaldo, mas nós temos a convicção de que os números são menores, em função do cresciment­o de Zé Ronaldo. Aí, quando fomos examinar a pesquisa tem coisas que não encaixam. A principal é o resultado em Salvador. Dá zero para ele na espontânea e ele fica atrás do candidato Orlando Andrade do PCO na estimulada.

Qual é o caminho para Zé Ronaldo?

Nossa estratégia é continuar com uma agenda in- tensa de eventos. Agora, vamos nos dividir. Em um mesmo dia, Zé Ronaldo estará numa região da Bahia e eu em outra. Intensific­amos a agenda aqui em Salvador, inclusive com a minha presença. Tenho feito eventos, mesmo sem a presença dele. No interior, estamos ativando as nossas lideranças, para levar a campanha para as ruas. Uma campanha fria só favorece a quem está no mandato. Então, coube a nós esquentar a campanha. Esta semana, realizei um evento com multiplica­dores, que reuniu duas mil pessoas, pedindo empenho e trabalho. O fato de eu me dividir com ele na campanha pelo interior vai permitir que tenhamos mais visibilida­de.

Como o senhor recebe a crítica do governador, de que estaria mais preocupado com política do que com a gestão da prefeitura?

ACM Neto é prefeito de Salvador, eleito em 2012 e reeleito em 2016. Desde março deste ano, acumula a função pública de gestor da capital baiana com a de presidente nacional do Democratas.

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