Correio da Bahia

Bahia: segundo maior produtor

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Em mercadinho­s de Salvador, o preço tem caído. Só no Vale da Muriçoca, na Federação, o CORREIO encontrou o quilo da cebola por R$ 0,79 a R$ 0,89. A costureira Cláudia Amaral, 47, ficou surpresa quando encontrou a R$ 0,79. Na semana passada, comprou um quilo por R$ 1,29 no mesmo mercado.

“Eu peguei muito, na semana passada, justamente porque o preço estava bom. Agora, está excelente. Eu uso a cebola para fazer a comida de rotina mesmo, mas, como ela não estraga fácil quando está na geladeira, valeu a pena ter levado mais. Só que eu não sabia que ia encontrar mais barato”, conta.

As baianas de acarajé também comemoram. Em maio, tinha gente economizan­do na cebola da salada, diante da escassez e do preço alto. “Agora tem até de R$ 0,59 o quilo, mas não muda nada. Porque não existe acarajé sem cebola, mas ela não influencia no preço, já que o nosso problema é o camarão”, avisa Rita Santos, presidente da Associação das Baianas de Acarajé e Mingau (Abam).

Enquanto isso, o feirante Jorge Almeida, 35, que trabalha na Feira de São Joaquim, em Salvador, anda saudoso. Para ele, bons mesmo foram os tempos da greve dos caminhonei­ros. Naquela época, os clientes pagavam qualquer valor pela cebola. E ele nem se deu tão bem quanto os concorrent­es, que chegaram a faturar R$ 150 pela saca.

“Hoje, mesmo estando bem mais barato, o povo ainda reclama, acha ruim. Aqui, vendemos muito para donos de restaurant­es. No ano passado, em setembro, eu vendia os 20 quilos por R$ 35. Está bem fraco agora, para um mês de setembro”, diz ele, se referindo ao mês do caruru para Cosme e Damião.

Trabalhand­o em São Joaquim há 27 anos, Monique Lima, 47, foi uma das que venderam sacas de 20 quilos por R$ 150 na greve. Ontem, cobrando R$ 20 pela mesma mercadoria, não tinha vendido nada até 11h. “Agora caiu mesmo. Caiu de verdade. Como tem muita cebola, se não baixar, a gente não vende. Mesmo assim, está muito fraco para setembro”, reclama.

Apesar dos feirantes apontarem queda nos preços, a ialorixá Janarã Santana, 40, não viu muita diferença: “Tem aproximada­mente um ano que esse é o preço (R$ 2) do molho de cebola. Subiu durante a greve, mas não aumenta muito. Só que, para setembro, está razoável”. Para 2018, ainda não há dados da Associação Nacional dos Produtores de Cebola (Anace) ou do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE) sobre a produção atual de cebola na Bahia. No ano passado, segundo o IBGE, o estado foi o segundo maior produtor nacional da hortaliça, com 220,6 mil toneladas produzidas – o equivalent­e a 18% de toda a produção nacional, que chegou a 1,1 milhão de toneladas.

Para este ano, a previsão do IBGE é de que sejam produzidas 1,7 milhão de toneladas em todo o país - 600 mil toneladas a mais do que no ano passado. O estado de Santa Catarina, na região Sul do país, foi o estado com maior produção em todo o Brasil no ano passado, com 411,4 mil toneladas da hortaliça. Depois de Santa Catarina e da Bahia, os estados com as maiores produções de cebola no Brasil são Minas Gerais (135.036 toneladas produzidas), Goiás (130.036 toneladas) e São Paulo (106.544 toneladas).

Na Bahia, além da região de Irecê, que fica no Centro-Norte, os plantios que se espalham em 10,1 mil hectares estão no Vale do São Francisco e em outros municípios da região Norte, como João Dourado, onde o produtor Paulo Dourado atua e onde acontece anualmente uma festa dedicada à cebola.

Devido às oscilações do preço da hortaliça, ele busca alternativ­as de produção. Hoje, o produtor vende uma saca de 20 quilos de cebola por R$ 4 a R$ 5. O mais recente investimen­to de Paulo Dourado tem sido a plantação de mamona, em 25 hectares da propriedad­e.

“A cebola tem um preço que, de um mês pro outro, cai muito rápido. Então, o produtor tem de buscar outros meios para ter mais renda. Acredito que é uma cultura que ainda dá renda, se tiver equilíbrio, mas que, se não tiver cuidado maior, pode dar prejuízo”, explica.

Na Bahia, as cidades que mais produzem cebola, segundo dados de 2017 do IBGE, são Cafarnaum, no Centro-Norte (39,6 mil toneladas produzidas), Canarana, no Centro-Norte (19,6 mil), Morro do Chapéu, no Centro-Norte (19 mil), América Dourada, também no Centro–Norte do estado (14,1 mil) e Casa Nova (14 mil), no Vale do São Francisco, região de Juazeiro. Em 2016, a cidade líder em produção no estado era Sento Sé, no Vale do São Francisco.

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