Correio da Bahia

‘Foi uma execução’

- Bruno Wendel

A ação policial que resultou na morte do empresário espanhol Márcio Perez Santana, 41 anos, ocorrida na quarta-feira (19), no bairro de Armação, em Salvador, foi classifica­da, ontem, pelo promotor Davi Gallo como uma execução.

“Um tiro na nuca? Alguém atirou em direção a alguém e acabou matando. Foi uma execução”, declarou Gallo, um dos promotores do Ministério Público da Bahia (MP-BA) designado para o caso, ao lado de Luciano Assis. Dois PMs foram afastados das atividades ostensivas.

Gallo informou ao CORREIO que aguarda o envio do depoimento dos policiais prestados no Corregedor­ia da PM, instituiçã­o que também investiga o caso, juntamente com o Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Mas o promotor já adiantou que as circunstân­cias indicam a execução.

“Ao meu ver, trata-se de homicídio qualificad­o pela impossibil­idade de defesa, tanto que ele (Márcio) corre com o carro, acreditand­o que se tratava de um assalto, já que a viatura estava com o giroflex e os faróis desligados. A perícia deverá confirmar tudo isso”, declarou Gallo.

Além das perícias no local da cena do crime, do carro da vítima e na arma dos policiais, o MP vai requerer ao DHPP uma reconstitu­ição, já que a versão dos policiais é diferente da relatada por testemunha­s. Segundo os moradores, Márcio estava estacionan­do o carro na porta de casa quando a viatura se aproximou, com faróis e giroflex apagados, e teria ficado com medo de um assalto e arrancou com o carro, sendo perseguido e baleado na nuca.

“Se faz necessário (reconstitu­ição) para se juntar a outras perícias para então, de fato, esclarecer o que realmente aconteceu naquela noite. A simulação dos fatos ainda não tem data, mas acredito que não irá demorar”, disse o promotor. A solicitaçã­o ficará a cargo do outro promotor do caso, Luciano Assis.

Davi Gallo disse ainda que o único depoimento que teve acesso até agora foi o da mulher que estava no banco do carona do carro de Márcio. Segundo o promotor, ela contou que os dois saíram para comer um temaki. “Eles eram amigos e em Armação foram surpreendi­dos pelos tiros”, relatou.

Ainda de acordo com o promotor, questionad­a sobre o que teria levado os policiais a atirarem contra o carro do empresário, a mulher disse que não sabia. “Que não entendeu o porquê dos tiros, que não conhecia nenhum policial, que não tem conhecimen­to da amizade de pessoas próximas com alguém da polícia”, disse o promotor, que pretende interrogar a mulher.

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