Capacidade para muito mais
A paulista Poliana Okimoto é pioneira e única medalhista olímpica da maratona aquática brasileira, com o bronze na Rio-2016. Aposentada no final do ano passado, aos 34 anos, vive agora uma nova missão: fomentar o esporte para que esta história não acabe com ela.
No início do mês, ela esteve em Salvador participando da terceira etapa do Circuito Rei e Rainha do Mar – competição da qual a partir de agora será embaixadora –, na Praia de São Tomé de Paripe, no Subúrbio Ferroviário.
Poliana rasgou elogios à capital baiana: “A maratona aquática tem muito o que agradecer a Salvador. Aqui é realmente um celeiro de nadadores de mar, coisa que acontece pouquíssimo no restante do Brasil. A gente normalmente tem que pensar como os nadadores de piscina vão migrar para a maratona. Aqui na Bahia, não, tem crianças que já começam no mar. Esse é o sonho de todo mundo que fomenta o esporte”, analisou.
A medalhista cita como exemplo a própria história. Poliana era nadadora de piscina até os 20 anos, quando migrou para a maratona aquática. “Se você for analisar, a seleção brasileira, tanto a adulta como júnior, tem boa parte de atletas daqui. É um lugar para se olhar e tentar dar mais apoio. Aqui é diferente, as crianças já começam no mar”, contou.
Poliana cita como exemplo, obviamente, os baianos Ana Marcela e Allan do Carmo, esperanças de manter a escrita dela em Tóquio-2020. Mas também Aricia Péreé, de 16 anos, que venceu a etapa baiana do Rei e Rainha do Mar.
“Acho que eles (Allan e Ana) vão para Tóquio para ganhar medalha. São favoritos em suas provas e têm muita experiência, sabem lidar com dificuldades. Isso é fundamental na maratona. Muito impor- tante que eles continuem tendo oportunidade de correr o circuito mundial”, disse. Ana Marcela, por sinal, foi campeã do mundo pela quarta vez .
Dentro da missão de fomentar o esporte, Poliana decidiu lançar a própria competição. Será a Travessia Poliana Okimoto, que acontecerá na Praia de Guaiúba, no Guarujá, litoral paulista, nos dias 2 e 3 de novembro.
“Encerrei minha carreira muito realizada com tudo o que tinha feito. Acho que ajudei demais a maratona aquática a crescer no Brasil. Fiz minha parte como atleta e agora tenho que fazer minha parte como organizadora”.
Serão duas provas: de 500 metros, para iniciantes, e de 2km, para atletas mais experientes. “Vai ter também um workshop comigo e com meu marido (Ricardo Cintra), que é meu treinador. Vamos falar sobre largada, contorno de boia, chegada, tudo o que vivi como atleta e que posso ensinar para as pessoas que praticam o esporte”.
Poliana se aposentou no ano passado disputando justamente a última etapa do Rei e Rainha do Mar, no Rio de Janeiro. Não quis ficar apenas como embaixadora. Passou a disputar as provas de beach biathlon do evento, com corrida na areia e natação.
Em Salvador, ela venceu a etapa. Agora, lidera o ranking feminino. “Graças à minha natação, viu? Não foi graças à minha corrida (risos)”.