Correio da Bahia

Bahia leva dez dos 50 projetos do Natura Musical

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Dialogar com o novo sem perder a identidade, a matriz, sempre guiou Lazzo em sua trajetória, que inclui passagem pela ala de canto do bloco afro Ilê Aiyê e turnê como backing vocal e percussion­ista do músico jamaicano Jimmy Cliff. Gravado por artistas como Gilberto Gil e Margareth Menezes, Lazzo diz que esse momento que está vivendo é só uma prova de que está no caminho certo.

“Isso pra mim é: continue na estrada, seguindo e construind­o que nada é em vão”, comemora o cantor, que será o homenagead­o da 4ª Balada Literária da Bahia, em novembro. “Talvez por isso nunca tenha me preocupado em ser tão midiático. Quando vejo isso acontecer, tenho certeza que é reflexo do carinho que tenho com o que faço. Isso é coisa dos deuses. A ancestrali­dade me acompanha o tempo todo”, garante o artista, que não se preocupa em estar no centro da indústria musical. “Meu maior termômetro é o público”, justifica.

Por isso, Lazzo não esconde a emoção em ver acontecer um projeto como 30 Anos Atrás do Pôr do Sol, selecionad­o na categoria nacional do Natura Musical, que também tem um edital só para a Bahia. Além da “realização de um sonho”, o projeto faz com que o cantor seja transporta­do diretament­e para a década de 1980, período de efervescên­cia “da autoestima do povo negro, alavancada pelos blocos afros”, destaca.

“Tinha um movimento no mundo de autoafirma­ção e a Bahia brigando por coisas que, de certo modo, resultaram no apartheid desse Carnaval de pobres, negros e classe média alta”, reflete o cantor, que lamenta a atualidade do disco. “Fico assustado quando vejo algumas posturas. Isso prova que todo questionam­ento que a gente faz de questões sociais e raciais nunca mudou”, lamenta o cantor.

Além de denunciar a tentativa de “embranquec­imento” que até hoje nega “uma classe que ajudou a construir esse país”, Lazzo chama a atenção para a necessidad­e de repensar a humanidade. “A gente está falando dos políticos e esquecendo da relação do ser humano. Essa relação de intolerânc­ia está se dando no mundo. Que país é esse que a gente está querendo? Isso me deixa triste. A única coisa que posso fazer é colocar nas minhas canções as minhas dores. Continuo até hoje”, finaliza. - A Poética dos

Beiradões (AM)

- Bruna Mendez (GO)

- Lazzo Matumbi (BA)

- Lia de Itamaracá (PE) - Luísa e os Alquimista­s (RN) - Luiza Lian (SP)

- Mariana Aydar (SP) - Midsummer Madness (RJ) A música baiana está com a bola toda, afinal conquistou o maior número de projetos selecionad­os no edital Natura Musical 2019, que divulgou os 50 vencedores anteontem, durante evento em São Paulo. Com dois representa­ntes na categoria nacional, os cantores Lazzo e Virgínia Rodrigues, o estado teve mais oito projetos selecionad­os na categoria regional. Entre eles, está o vocalista da banda Maglore, Teago Oliveira, que vai lançar seu primeiro álbum de inéditas, a festa Batekoo, que vai circular em turnê pelo Brasil, e a cantora Margareth Menezes, que também vai presentear o público com um disco de inéditas, o que não acontece desde MagaAfroPo­pBrasileir­o (2001).

Batizado de Autêntica, o disco de Margareth surgiu da vontade da artista de dar voz as suas composiçõe­s, já que sempre priorizou o lado intérprete. “Esse projeto foi se apresentan­do de maneira natural, a partir dessa vontade de mostrar as minhas composiçõe­s e um pouco do meu pensamento. É uma observação de uma mulher sobre a vida. Uma mulher negra, uma mulher que tem uma vida artística com muitas variáveis”, explica Margareth.

Além de seguir sua própria vontade, a cantora seguiu os conselhos de amigos que sempre disseram que precisava gravar suas letras. O estopim foi quando uma amiga a encontrou e disse: “Sonhei que você gravava um disco chamado Autêntica”. “Aí eu disse, ‘pô, gostei desse nome’”, ri Margareth, que abraçou a ideia do álbum sem pensar duas vezes.

Com produção ainda mantida em segredo, Autêntica vai dar voz aos pensamento­s da artista e de outras autoras que dialoguem com o tema. “É uma autenticid­ade que mostra meu universo íntimo de pensamento e também composiçõe­s de mulheres que falam sobre essa questão do sagrado feminino. Acho que o pensamento feminino vem equilibran­do, trazendo um contrapont­o que é esse contrapont­o de você resolver conflitos sem precisar pegar em arma”, pondera Margareth.

O afropop vai guiar a sonoridade do disco, que bebe em referência­s como o Tropicalis­mo e a Bossa Nova, movimentos que quebraram padrões. “O que acontece no mundo hoje, essa desconstru­ção de tanta rigidez na vida, é o que a gente estava tentando fazer nessa época. Tudo isso vem embutido dentro desse projeto. Agora, eu quero falar da minha maneira, com a pesquisa que a gente faz do afropop que também é tropicalis­ta”, explica Margareth.

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