O VILÃO DA NOVELA
No auge da carreira, interpretando o antagonista da novela Segundo Sol, o baiano Fabrício Boliveira está com quatro filmes para estrear. Em meio ao corre-corre das gravações, ele conversou com a coluna.
Você faz um papel de destaque em Segundo Sol. O Brasil enfim despertou para sua dívida histórica com os negros?
Talvez tenha despertado, mas ainda continua sentado e esperando a “banda passar”! Sinto que muitas bocas negras têm gritado e exigido seus direitos e isso tem me deixado feliz, mas ainda não é uma luta da sociedade como um todo.
Incomoda-lhe ainda ter que falar sobre temas como injustiça social, preconceito racial, desigualdades? Nesse instante, fazendo um personagem que trata essas questões parece positivo falar delas. Mas sonho com o tempo em que não precisarei falar da busca por igualdade de direitos.
Você está vivendo um grande momento na sua carreira. Novela, capas de revistas, quatro filmes para estrear. O que lhe apetece mais? Gosto de processos onde eu possa participar da criação, do figurino, do roteiro etc. No cinema, tem-se mais tempo para fazer com mais calma, cuidado. Mas curto o tempo presente da televisão também, é quase como teatro, as pessoas assistem e comentam nas redes. Isso é bom.
Você interpretou o controvertido músico Wilson Simonal num filme que está para estrear. Como foi esse contato com o universo do artista?
Um contato forte com a história do Brasil. Um músico
Você foi apresentado ao público na Bahia como garoto-propaganda de uma campanha publicitária do governo do estado. Como você vê a política hoje? Muitos aprendizados após esse período. Hoje, vejo a política como algo individualizado e menos partidário, presente no papo do dia a dia, nas redes sociais, nas vivências com os diferentes de você.
Embora não seja adepto do candomblé, você diz que usa os orixás para construir seus personagens. No caso do Roberval, tudo indica que ele seja de Oxumaré. Como é sua relação com a espiritualidade? Amo a mitologia dos orixás pra minha vida e pro meu trabalho. Sou adepto de toda a fonte de autoconhecimento e evolução do espírito, isso inclui a astrologia e o candomblé também. E sim, Roberval transita entre a cobra e o arco-íris, no seu caminhar, como Oxumaré.