Correio da Bahia

OEA monitora eleições no país; Bahia recebe missão do órgão

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versidade Federal do ABC.

A segunda geração inclui, junto à urna eletrônica, uma impressora e um picotador de papel. Após o eleitor votar, uma cédula é impressa. É o chamado VVPAT– Auditoria Conferível em Papel, na tradução em português. É diferente do voto no papel, como ocorria no passado, porque é uma combinação das duas tecnologia­s.

“Antes, você podia botar outros papéis dentro da urna, tirar, substituir. Poderia ler o nome de outra forma. Agora, além de ter escrito como forma de expressão, tem um código de barras que carrega uma assinatura digital. Para fraudar aquilo, teria que ser a mesma tecnologia para fraudar uma transação bancária digital”, diz Gazziro. Esse sistema é adotado por países como Bélgica, Rússia, Canadá, Equador e México.

O custo estimado para que o TSE implantass­e essas impressora­s em todo o país é de R$ 1,8 bilhão. No entanto, já existem países que contam com a chamada urna de terceira geração – é o caso da Argentina (especifica­mente na capital, Buenos Aires) e de algumas cidades do estado de Washington (EUA). Esse equipament­o só tem um papel com um código QR. A apuração ocorre através desse papel.

O próprio professor Gazziro coordena um projeto que, em 2014, desenvolve­u uma urna de terceira geração. Segundo ele, esse tipo de equipament­o coibiria que, após votar, a pessoa utilize a cédula para negociar uma comprovaçã­o de venda de voto nesse tipo de solução, o voto fica na própria urna.

“É uma urna segura, de baixo custo. Tem conexão com a internet, mas é segura. Tem uma assinatura digital, eletrônica, que vai junto o QR. É um número criptograf­ado, para que ninguém, no caminho, jogue outro voto ali dentro”, afirma Gazziro. O sistema construído por eles já foi usado em pequenas eleições na universida­de. Agora, ele espera que seja usado nos próximos pleitos para a escolha do reitor na USP e na UFABC.

“Nenhum país inteiro chegou a usar essa nova geração. O Brasil foi o primeiro a implantar a urna eletrônica no país todo. Bem que poderia ser o primeiro a usar a terceira em todos os estados”, diz o pesquisado­r. A estimativa para a implantaçã­o da terceira geração é de metade do que se gastaria com a segunda geração.

Ele reforça que a comunidade acadêmica sempre acompanha o processo eleitoral, assim como os testes de segurança promovidos pelo TSE. “O TSE nunca deu nenhum indício de problema de fraude. Como representa­ntes acadêmicos e da sociedade civil, se tivesse algum problema, nós seríamos os primeiros a falar”.

O promotor eleitoral Luiz Ferreira de Freitas Neto, da zona 189, que fica no Extremo-Sul do estado, também destaca a segurança do processo. O Ministério Público do Estado (MP-BA) é um dos órgãos que acompanham a realização do pleito. Para ele, se existir algum tipo de desconfian­ça na urna eletrônica, é devido à falta de conhecimen­to do sistema.

“Qualquer inovação tecnológic­a é contestada, por isso, vejo com naturalida­de. Testes são feitos, várias coligações mandam representa­ntes e, se houver qualquer problema, qualquer tipo de contingênc­ia, o responsáve­l toma as medidas pertinente­s no protocolo do TSE. Mesmo o cidadão, se perceber algum equívoco na urna, algo fora do natural, pode informar. Mas o sistema é tão auditado que dificilmen­te vai acontecer algum problema” , explica.

O MP-BA acompanha todas as fases do processo eleitoral – desde o registro de candidatur­as e diplomaçõe­s até o dia da votação. No dia da eleição, promotores eleitorais visitam as zonas eleitorais e conversam com mesários para saber da situação. “A Justiça eleitoral trabalhou muito e esperamos que o estado da Bahia tenha uma eleição correta, que tudo tenha tranquilid­ade”. Esta será a primeira vez que a Missão de Observação Eleitoral (MOE), da Organizaçã­o dos Estados Americanos (OEA), vai acompanhar as eleições no Brasil. A Bahia será um dos 12 estados que recebem integrante­s da missão, além do Distrito Federal. Ao todo, serão 48 especialis­tas de 18 nacionalid­ades.

Eles começaram a chegar no país no início da semana e devem atuar também no Ceará, Maranhão, Pernambuco, Amazonas, Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Outro grupo fará a observação do pleito fora do Brasil.

De acordo com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, a missão “reforça a liderança brasileira na promoção da democracia e expressa o compromiss­o do país com um processo eleitoral cada vez mais plural e representa­tivo”, Bélgica Em 2012, fez testes com a urna eletrônica de segunda geração. Além disso, de acordo com o cônsul honorário do país na Bahia e em Sergipe, Stephane Perre, o país faz o reconhecim­ento biométrico com as impressões digitais e o reconhecim­ento facial dos eleitores. Para cidadãos belgas que votam no Brasil, os votos continuam sendo no papel.

Argentina A urna de terceira geração foi implementa­da em 2010. O cônsul-geral do país na Bahia, Pablo Virasoro, destaca que os avanços acontecera­m disse, na assinatura do acordo de cooperação. O governo brasileiro convidou a OEA no ano passado.

Para o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), José Rotondano, o acompanham­ento vai demonstrar a “cristalini­dade e a lisura” do pleito.

“Vamos receber bem essa missão, dar todo o apoio, colocando pessoas com fluência em inglês para explicar todo o processo eleitoral”, afirmou.

De acordo com a presidente em Buenos Aires uma cédula com um chip de radiofrequ­ência embutido, que, num só documento, contém o registro digital e o impresso do voto. A nível federal, ainda se usa somente o papel tradiciona­l, que é colocado em um quarto escuro e depositado em uma urna. Como no Brasil, os cidadãos argentinos são obrigados a votar. A obrigação, porém, começa aos 16 anos, quando aqui ainda é facultativ­o. Não existe um documento como um título de eleitor – o próprio documento de identidade do país funciona da missão, Laura Chinchilla, o objetivo da visita é elaborar reflexões para que as autoridade­s eleitorais possam fortalecer e melhorar os processos de democracia eleitoral.

“É uma eleição que se desenvolve num clima especialme­nte tenso, dentro de uma grande polarizaçã­o no debate, nas opções, no momento também de grandes desafios para o país, do ponto de vista econômico, político, de credibilid­ade institucio­nal e de segurança”, afirmou Laura, que é ex-presidente da Costa Rica, em entrevista à emissora alemã Deutsche Welle.

Para o promotor eleitoral Luiz Ferreira de Freitas Neto, a iniciativa do governo brasileiro de convocar a OEA é “louvável”. “Certamente, a Justiça eleitoral vai ter um retorno positivo. São mais de 80 sistemas eleitorais de segurança embutidos nas urnas eletrônica­s”.

como um registro eleitoral.

Coreia do Sul O voto ainda é feito de forma manual, usando somente o papel impresso. Em 2015, o embaixador Leong-Guan Lee visitou o TSE para conhecer o sistema eletrônico de votação brasileiro e a unidade de tecnologia de informação do órgão. Os cidadãos coreanos não têm obrigação de votar. Como as votações costumam ser realizadas em dias da semana, aqueles que comparecer­em às urnas têm direito a um dia de folga no trabalho.

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Uma das 37 mil urnas eletrônica­s que estarão em atividade na Bahia: sem conexão com internet

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