Correio da Bahia

Nas extremidad­es

- Fernanda Lima* *COM SUPERVISÃO DOS EDITORES JOÃO GABRIEL GALDEA E MARIANA RIOS

Quando Maria e Vitório nasceram, em 1936 e 1932, respectiva­mente, ainda acontecia a Segunda Guerra Mundial. Depois, ainda viveram sob a Guerra Fria, assistiram ao Golpe Militar de 64 no Brasil, as lutas pela liberdade e a redemocrat­ização. Já Iasmin e Rogério viveram muito pouco. Nascidos em 1997, estão na faculdade e acompanham a primeira grande crise. A diferença de 65 anos converge, agora, pela política. Os quatro são candidatos a cargos nestas eleições.

O mais velho na disputa é Vitório Mariani, 87 anos, seguido de Maria Crispina de Jesus, 82, a Coração de Mãe, ambos na disputa de uma vaga no parlamento federal. Vitório é de uma família de políticos do Sul da Bahia, e homem de negócios em São Paulo. Já Coração de Mãe, de Salvador, iniciou o contato com a política sendo manicure de Tancredo Neves. Os dois estão no primeiro extremo da disputa: a idade média dos candidatos baianos é de 49 anos – no Brasil, é de 60 anos.

A escolha pela política ocorre em momentos diferentes da vida para Vitório e Coração. Ele concorre pela primeira vez a um cargo na política, numa decisão tomada em uma banca de revista; ela parte para a terceira tentativa. Os dois, em comum, concorrem em um dos redutos dos políticos mais velhos do estado, o Partido Demo- crático Trabalhist­a (PDT), o sexto partido com candidatos mais velhos da Bahia.

A idade não necessaria­mente traduz-se nas propostas. Planos para os eleitores da terceira idade? Não necessaria­mente. O presidente do PDT, Félix Mendonça, diz não acreditar que a idade dos candidatos é o caracteriz­ador de suas propostas. “A justificat­iva para o caso do PDT é que ele é um dos mais antigos [fundado em 1970] e tem filiados antigos. Alguns filiados concorrem até com mais de 80 anos. Existe uma fidelidade dessas pessoas também”, comentou.

Se os mais velhos não usam a idade como estratégia, a balança pende para o outro lado, no caso dos mais jovens. Nestas eleições, são 21 candidatos com menos de 25 anos – em 2014, foram 18.

Na Bahia, os mais novos da disputa eleitoral, Iasmin Reis (SD), 21, e Rogério Andrade Filho (PSD), 21, falam da própria inexperiên­cia ora com cautela, ora com a crença de que serão justamente os poucos anos de trajetória o diferencia­l nas urnas.

Na sede do partido pelo qual concorre, o Solidaried­ade, a jovem de Lauro de Freitas comentou a presença de jovens na política: “As pessoas estão desacredit­adas. A gente tem que colocar pessoas jovens”.

Mas os candidatos, apesar de novinhos, não necessaria­mente representa­m ou são figuras desconexas da vida pública. Os dois possuem parentes na política: Rogério Andrade é filho do prefeito de Santo Antônio de Jesus, Rogério Andrade, e Iasmin, filha do presidente do Solidaried­ade de Lauro. Desde criança, por exemplo, Rogério acompanha o pai em viagens e comitês. Conheça eles mais de perto.

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