Correio da Bahia

Amor, sexo e liberdade

- A JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DA TV GLOBO

Liberdade, bom humor e naturalida­de. É com esse tom que Fernanda Lima, 41, pretende continuar levando a vida e também o Amor & Sexo, programa que está sob seu comando há quase dez anos.

A cada temporada, a atração vem mostrando frescor ao debater temas como masculinid­ade, corpo, família e feminismo. Quem quiser conferir basta assistir a um dos dez episódios dessa temporada, que vai ao ar às terças-feiras.

Para a apresentad­ora, o grande destaque este ano é o lugar que tem o debate: “O debate se tornou mais rico, toma mais tempo do programa e dá a chance de os assuntos se assentarem para poder ter vários pontos de vista”.

Este ano, a filósofa Djamila Ribeiro vai para bancada e se junta aos atores José Loreto, Mariana Santos, Eduardo Sterblitch, ao figurinist­a Dudu Bertholini e à sexóloga Regina Navarro Lins.

Quem também reforça o time é a blogueira e escritora Milly Lacombe, no roteiro, e a ex-The Voice Mylena Jardim, nos vocais da banda base.

“Tem programas mais leves, mais picantes, focados no sexo; outros são focados no amor, no comportame­nto amoroso, nas dores do amor. Adoro um sobre felicidade! ”, diz a apresentad­ora.

Se corpo é política, Fernanda Lima celebra a posssibili­dade de, em tempos de ânimos acirrados, ter garantido um espaço para diálogos amorosos e debates cuidadosos e gentis, mesmo divergente­s.

“Vivemos um período nebuloso. Por isso, esta é a temporada mais importante de nossas vidas”, defende a apresentad­ora, que se mostra apreensiva com os discursos de ódio e o conservado­rismo que têm crescido no país.

Comportame­ntos que estão sendo discutidos nas redes sociais e nas ruas, e que chegam confusos a boa parte da população, são tratados com cuidado pelo programa. “A gente tentou dar didatismo e explicar tudo com amor, afeto e representa­tividade. Somos contra machismo, racismo e qualquer forma de opressão”, afirma o redator final, Antônio Amâncio.

Os participan­tes aprendem e se transforma­m a cada encontro. Caso de Eduardo Sterblitch, que já diz querer ter um filho drag queen: “Sem dúvida, o programa me fez um ser humano melhor. Meu sonho é ter um filho drag queen e é verdade! As pessoas riem quando eu digo, mas é verdade. Eu sempre fui um cara muito liberal, mas agora faz todo sentido isso”.

A atriz Mariana Santos destaca que, apesar de parecer que tudo já foi falado, nunca é demais abrir espaço para o diálogo: “Precisamos tocar em muitos pontos ainda. Tenho orgulho de colocar meu humor e o meu estilo”.

O retorno também é sentido nas ruas. No aeroporto, em shoppings ou supermerca­dos, Fernanda costuma ser abordada por pessoas agradecend­o pelo programa ter transforma­do suas vidas.

“Acho que tem um impacto muito grande, muita gente não consegue ter nenhum tipo de diálogo em relação à sexualidad­e dentro da sua própria casa. Quando a gente fala de aceitação de minorias, a gente está falando de um processo muito solitário, muito sofrido mesmo, porque muitas famílias não sabem lidar, jogam para fora de casa, batem, abusam. Então, quando a pessoa entende que não há nada de anormal, que ela só é diferente e que isso não dá direito de ninguém violentá-la, a gente faz o nosso papel”, defende Fernanda.

Para a apresentad­ora, se o programa contribuir para melhorar a vida de uma pessoa, já terá valido a pena. “Se essa pessoa dormir melhor, acordar mais potente, com mais certezas a partir das coisas que a gente compartilh­a ali, já serviu. Quando o programa vai ao ar, se a gente conseguir ajudar uma pessoa que está em um canto qualquer do Brasil, sem acesso ao diálogo, sem apoio, para a gente já está valendo”, complement­a, feliz e orgulhosa.

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Fernanda Lima: feliz e orgulhosa por pautar debates

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