Ciro viaja para a Europa Petista se compromete a revogar e dá o troco ao PT reforma trabalhista
O candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, esteve, ontem, na Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), em Brasília, reunido com o secretário-geral da instituição, dom Leonardo Steiner, para ouvir as demandas dos católicos e se comprometer com a entidade, caso vença as eleições 2018. “Dom Leonardo reiterou nota da CNBB sobre medidas do governo atual, como a chamada teto de gastos e a reforma trabalhista”, disse. “Me comprometi no primeiro momento a revogar essas medidas que, na minha opinião, comprometem os direitos sociais”, disse o presidenciável.
Haddad também fez um pedido à CNBB para que a instituição recomende aos católicos que tenham mais cuidados com as notícias falsas, as chamadas fake News. “Não devemos atacar a honra das pessoas com informações falsas”, afirmou.
Ele disse que é atacado por Jair Bolsonaro (PSL), que diz que o petista distribuiu material impróprio para crianças, o chamado kit gay. “Jamais houve distribuição de material impróprio para crianças. Isso seria um desrespeito com professoras e diretoras”, completou.
Ainda sobre o adversário, Haddad criticou a ausência do capitão reformado em debates e o aceno dele ao programa social Bolsa Família. “Se tem alguém que criticou o Bolsa Família nos últimos 10 anos, foi o meu adversário”, afirmou.
Haddad falou sobre os apoios que sua candidatura está recebendo e disse que as “forças democráticas estão se unindo”. Ele afirmou que todos os governadores eleitos do PSB já estão engajados. “Tivemos a felicidade de ter o apoio formal do PDT, do Ciro”, diz. Terceiro colocado na disputa presidencial, Ciro Gomes (PDT) embarcou, ontem, para a Europa. A viagem do pedetista frustra as investidas do PT, que faz acenos ao candidato derrotado no intuito de trazê-lo para dentro da campanha petista no segundo turno das eleições 2018.
Ao contrário do que esperava a campanha de Fernando Haddad (PT), Ciro não vai chefiar a equipe do programa econômico do petista. A ideia é que o pedetista não suba no palanque com Haddad, muito menos faça fotos para indicar o “apoio crítico”, aprovado em reunião da Executiva nacional do PDT, anteontem.
Os motivos da resistência do PDT em se aproximar da campanha de Haddad foram os “ataques” que os petistas fizeram à candidatura de Ciro Gomes, durante o processo eleitoral. Orquestrada com aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT fez uma manobra ainda no primeiro turno que atrapalhou as negociações de apoio do PSB à candidatura de Ciro. O caso foi encarado como uma rasteira do PT no partido.
Na ocasião, os petistas retiraram candidaturas em outros estados para não atrapalhar nomes do PSB que disputavam os mesmos cargos. Em troca, os socialistas se comprometeram a ficar neutros no primeiro turno, em vez de apoiar o presidenciável do PDT.
A atitude de Ciro de viajar para o exterior neste momento da campanha foi vista nos bastidores como uma espécia de “troco” ao PT. Ele planeja voltar ao Brasil somente na metade da semana que vem, quando faltarão cerca de 10 dias para a eleição. A ausência do pedetista prejudica a estratégia de dar um caráter de “frente democrática” à candidatura petista.
O Partido dos Trabalhadores também pretendia que Ciro integrasse a coordenação da campanha de Haddad. Nos bastidores, o convite era tratado como um primeiro passo para Ciro assumir um ministério em eventual governo Haddad. Na campanha petis- ta, o nome dele é citado para comandar o Planejamento ou a Fazenda.
“O Ciro é uma liderança fundamental. Nós esperamos que o Ciro tenha um papel mais ativo do que simplesmente um apoio crítico. A nossa campanha está aberta a ele. O papel do Ciro está reservado para o que ele quiser ser na nossa campanha”, afirmou o petista Emídio de Souza, um dos coordenadores da campanha de Haddad, na noite de anteontem, depois de o PDT revelar a sua posição.
Em uma postagem nas redes sociais, na manhã de ontem, Fernando Haddad declarou que tem “grande respeito por Ciro Gomes e seu partido”.
Para se distanciar do PT, o presidente do PDT, Carlos Lupi, se antecipou e disse, anteontem, que o partido vai lançar Ciro Gomes como candidato para 2022, já após o fim do segundo turno. “Não faremos nenhuma reivindicação (junto ao PT). Será um voto claro sem participação na campanha e com a certeza de que não participaremos de nenhum governo, mesmo se Haddad ganhar a eleição. Vamos começar a construir agora 2022, já estamos decididos a lançar a candidatura de Ciro Gomes”, diz.
Outra forma de mandar sinais negativas ao PT foi anunciar que o PDT, independentemente de quem vença o segundo turno, estará na oposição em 2019.