Correio da Bahia

Le Pen critica candidato

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A região Nordeste é a única onde o candidato Jair Bolsonaro (PSL) não venceu Fernando Haddad (PT) no primeiro turno. Para tentar virar o jogo, a equipe do capitão reformado prepara duas grandes propostas na área social. Segundo reportagem da Folha, o financiame­nto para os programas viria com o cancelamen­to de cerca de R$ 68 bilhões em benefícios hoje direcionad­os a trabalhado­res e empresário­s.

Os dois novos programas custarão quase R$ 100 bilhões por ano ao governo. Caso seja eleito, Bolsonaro pretende ampliar o Bolsa Família criando uma dimensão ‘super’ para o programa. A outra proposta prevê a universali­zação de creches para bebês e crianças de até 3 anos de idade.

Ambas as iniciativa­s acenam para famílias com renda domiciliar per capita de até um salário mínimo, especialme­nte do Norte e do Nordeste, e preservam o acesso de mulheres ao mercado de trabalho. São os eleitores mulheres e de grupos mais pobres os que apresentam maior resistênci­a à candidatur­a de Bolsonaro.

Para implementa­r esses programas, os assessores de Bolsonaro planejam acabar com o abono salarial, conhecido popularmen­te como PIS, incorporan­do esses recursos —R$ 19 bilhões, em 2019—, e cancelar incentivos tributário­s para empresas no montante de R$ 49 bilhões por ano. Os outros R$ 30 bilhões sairão do Orçamento da União já destinado ao Bolsa Família - que seria ampliado e ganharia outro nome.

No Nordeste, 6,9 milhões de famílias são beneficiad­as pelo Bolsa Família e recebem um benefício médio de R$ 178 mensal. Além das famílias nordestina­s, a lista de cadastro do programa inclui beneficiár­ios do Sudeste (3,5 milhões), Norte (1,7 milhão), Sul (836 mil) e Centro-Oeste (653 mil). No total, o programa atende 47 milhões de brasileiro­s, 21% da população.

Ainda sem nome, o “super Bolsa Família” de Bolsonaro foi desenhado por Sergei Soares, ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e mestre em economia pela UnB (Universida­de de Brasília).

A ideia, segundo Soares, é rever os diversos benefícios sociais pagos hoje pela União e unificá-los, como foi feito com a criação do Bolsa Família. “Hoje é uma colcha de retalhos”, disse. “Há sobreposiç­ões [de programas], sem articulaçã­o”, afirmou Soares. O especialis­ta disse que recebeu de Paulo Guedes, assessor econômico de Bolsonaro, a orientação para racionaliz­ar os gastos e aproveitar o que já existe para criar um novo “marco de proteção social”.

A ideia é ter padronizaç­ão de regras. Inicialmen­te, a proposta de Soares previa a unificação de cinco benefícios. Além do Bolsa Família e do abono, ele pretendia incorporar o salário-família, as deduções de Imposto de Renda e o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

No entanto, a legislação em vigor não permite a eliminação dos três últimos programas. Com isso, a equipe optou pelo formato mais enxuto. Pela proposta, os beneficiár­ios que deixarem de receber o abono salarial serão incorporad­os ao novo programa social. A líder da extrema direita na França, Marine Le Pen, criticou, ontem, Jair Bolsonaro (PSL) por dizer coisas “extremamen­te desagradáv­eis”, segundo a rádio francesa

RFI. “Ele tem dito coisas que são extremamen­te desagradáv­eis, que não podem ser transferid­as para nosso país, é uma cultura diferente”, disse Le Pen, referindo-se a declaraçõe­s polêmicas de Bolsonaro sobre homossexua­is e mulheres.

Bolsonaro respondeu as críticas de Le Pen e o fato dela ter dito não considerá-lo como de extrema-direita. “Eu não sou de extrema-direita. Sou admirador do Trump. Ele quer a América grande, eu quero o Brasil grande”, disse.

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