Correio da Bahia

Setor cobra Centro de Convenções

-

dente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentaçã­o (Febha), Silvio Pessoa, destaca que a capital baiana deixa de ter mais um centro de convenções. Agora, são considerad­os grandes centros de convenções apenas os dos hotéis Fiesta e Gran Hotel Stella Maris. “Ele (Othon) tinha um centro de convenções para até três mil pessoas. Isso vai fazer uma falta enorme para a cidade de Salvador. É uma péssima notícia”, afirma.

Na avaliação de Pessoa, o fim das atividades do Othon também está relacionad­o ao grande incentivo para a construção de hotéis nos anos que antecedera­m a Copa do Mundo e a Olimpíada. Para ele, não houve estudos de viabilidad­e econômica.

“Além disso, não tem promoção no exterior. A Embratur tem apenas US$ 17 milhões para promover o turismo brasileiro no exterior por ano, enquanto o México tem US$ 470 milhões e o Peru investe US$ 70 milhões. Ou seja, nós não investimos no turismo porque não é prioridade para a Bahia, para Salvador, para o Nordeste”, critica.

Dos 404 hotéis operando em Salvador, pelo menos 401 vêm funcionand­o no vermelho há quatro anos. A informação é do presidente da Salvador Destinatio­n, Roberto Duran, que preferiu não revelar quais são os estabeleci­mentos que não vêm tendo prejuízo. “Ou seja, eles estão pagando para manter as portas abertas. Houve uma melhora no segundo semestre de 2017 e no início deste ano, mas ainda não foi suficiente. Por isso, esperamos não ter nenhuma outra surpresa”.

O secretário de Turismo do estado, José Alves, afirmou que está em contato com a diretoria do hotel. “Estamos tentando entender o que está acontecend­o para saber de que forma podemos ajudar o hotel, para que ele não saia da Bahia”, afirmou.

Alves ressaltou a possibilid­ade da decisão do hotel, que faz parte de uma rede, não ser específica para Salvador. “A gente sabe que às vezes é uma questão mais macro, do próprio grupo, mas enquanto não fecha, a gente tenta amenizar a situação de alguma forma e ver alternativ­as que os empresário­s possam se interessar”.

Já o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Cláudio Tinoco, destacou que a taxa de ocupação do hotel é alta, mas reconheceu a dificuldad­e dos hotéis no país. Tinoco ainda ressaltou a abertura de dois novos hotéis na cidade. “Sabemos também que a indústria hoteleira teve que segurar o valor da diária média para se manter viva depois da crise pós-Copa. Tivemos novos hotéis, como o Fera e o Fasano, que abrirá logo. A notícia associa a decisão à unidade de Belo Horizonte. Portanto, não vincula ao destino Salvador. Mas estamos ligados e vamos agir sempre em defesa do nosso turismo”, destacou. Um consenso geral existe entre os membros do trade turístico baiano: o fechamento do Centro de Convenções, de responsabi­lidade do governo do estado, é o grande vilão e responsáve­l pelo fechamento de muitos hotéis em Salvador. “O fechamento do Centro de Convenções da Bahia (CCBA) é um dos fatores do fechamento de mais um hotel. Ele é um dos principais motivos para esse prejuízo todo. Infelizmen­te, o Othon é mais uma vítima do Centro de Convenções”, lamentou Glicério Lemos, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-BA).

De acordo com Lemos, os grande hotéis foram os mais atingidos com o fechamento do CCBA. “Os grandes precisam do centro para manter o ponto de equilíbrio. Ele é a cereja do bolo. Não chega a ser o principal, porque não se sobrevive só do Centro de Convenções, também sobrevivem­os do turismo do dia a dia”, disse Lemos.

O presidente do Sindicato dos Empregados em Hotéis Bares e Similares, Almir Pereira, destacou que a Bahia perde “grandes eventos” para outras capitais do Nordeste, como Aracaju e Recife, por conta da ausência de um Centro de Convenções. O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentaçã­o (FeBHA), Sílvio Pessoa, também lembrou a falta do Centro de Convenções e afirmou que, com o fechamento do Othon, a Bahia contará com apenas dois centros de convenções: o do Fiesta e o do Gran Hotel Stella Maria.

A prefeitura iniciou em setembro as obras do Centro de Convenções em Salvador. Com investimen­to de

R$ 105,2 milhões, a expectativ­a é de que o empreendim­ento reposicion­e a capital entre os mais atrativos polos de turismo de eventos e negócios. Com o formato de uma pomba, o centro terá terá capacidade para receber 14 mil pessoas simultanea­mente em congressos e convenções.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil