Sistema único de segurança
Em encontro com lideranças evangélicas, ontem, em São Paulo, o candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, ressaltou sua determinação em federalizar o combate ao crime organizado, reduzir os homicídios no país, garantir a liberdade religiosa e debater temas que chamou de “delicados”, como aborto e drogas. O petista também defendeu o Estado laico como forma de garantir a liberdade de culto.
“O combate vai ser feito pela Polícia Federal contra as organizações que atuam em âmbito nacional e que estão deixando em situação difícil governadores que estão recebendo essas organizações agora, como é o caso do Nordeste, que está sofrendo o efeito da expansão das organizações do Rio e de São Paulo para o resto do país”, disse.
O candidato defendeu também a implantação de um Sistema Único de Segurança Pública, a partir de alterações constitucionais.
Segundo ele, há condições de aprovar a proposta. “Há ambiente para aprovar. A Constituição é muito sintética, ela tem um artigo destinado a segurança pública. Nós queremos fazer um capítulo, criando um Sistema Único de Segurança”, disse Haddad, que ainda lamentou o elevado o número de mortes no país. “Nós já temos a polícia que mais mata e que mais morre no mundo”.
Fernando Haddad ainda rebateu a sugestão do adversário Jair Bolsonaro (PSL) de não processar policiais que reajam e acabem matando durante o serviço. “Essa licença para matar dificilmente vai passar pela Constituição. A Constituição não acolhe esse tipo de procedimento nem o Ministério Público”.
O encontro com as lideranças evangélicas ainda discutiu as fake news difundidas nas eleições 2018. “Muitos de nossos irmãos estão sendo enganados por pastores mal-intencionados ou mal informados”, disse o pastor Ariovaldo Ramos, líder da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.
O pastor também pediu para que os outros líderes presentes trabalhassem para combater a disseminação de informações falsas nas comunidades religiosas.
Fernando Haddad reclamou das mentiras nas redes sociais que o atingem e também afetam sua família. “Esses dias ele (Jair Bolsonaro) soltou que eu era a favor do incesto. Ele não pensa que eu tenho uma filha de 18 anos, na faculdade? Quantos votos ele ganhou com isso?”, questionou o petista.
No encontro, Haddad distribuiu uma Carta Aberta ao Povo de Deus na qual relata sua formação religiosa - seu avô era sacerdote da Igreja Católica Ortodoxa - e também tenta esclarecer as mentiras espalhadas via WhatsApp voltadas ao público evangélico.
"Nenhum de nossos governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes pelas quais nos atacam: legalização do aborto, kit gay, taxação de templos, proibição de culto público, escolha de sexo pelas crianças", diz o documento.
Fernando Haddad ontem também assinou uma Carta de Compromissos proposta pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na qual reiterou que caso eleito respeitará a Constituição e não promoverá alterações que afetem o direito à informação, liberdade de expressão e de imprensa, bem como cláusulas pétreas como o direito à propriedade, à vida, à segurança e à igualdade. Jair Bolsonaro também assinou o mesmo documento.
Segundo a ABI, a proposição foi feita aos dois candidatos depois de ambas as campanhas considerarem alterações na Carta Magna. “É de suma importância que a sociedade brasileira tenha tranquilidade e confiança de que o texto constitucional em vigor não sofrerá alterações”, diz a carta de compromissos.
O documento da ABI prevê que os candidatos não desobedecerão direitos e garantias previstos na Constituição; além de não compactuar com manobras para mudar a Carta, garantindo livre exercício do direito de opinião e liberdade de imprensa.