Apoio às ditaduras venezuelana e cubana, ex-presidente preso... quem precisa de fake news quando se tem esses fatos? Jair Bolsonaro
O WhatsApp informou, ontem, que está “tomando medidas legais imediatas para impedir empresas de enviar mensagens em massa ” e que “contas associadas a essas empresas” foram banidas. A empresa afirma que o procedimento está sendo aplicado “proativamente” ao longo de toda a campanha eleitoral.
O WhatsApp enviou notificação extrajudicial para quatro empresas suspeitas de fazerem envio massivo irregular de mensagens durante o período eleitoral. O WhatsApp não informou o nome das empresas notificadas, mas fonte ligada ao aplicativo afirmou que estão sob investigação a Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMS Market.
Em comunicado, a assessoria da empresa informou que foram canceladas também “centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil”. “Temos tecnologia de ponta para detecção de spam que identifica contas com comportamento anormal para que não possam ser usadas para espalhar spam ou desinformação”, acrescentou a nota.
Anteontem, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem segundo a qual empresas de marketing digital custeadas por empresários estariam disseminando conteúdo em milhares de grupos do aplicativo. A reportagem apontou uma rede de empresas de marketing digital contra- tadas para efetuar os disparos em massa. Os contratos, que chegariam até R$ 12 milhões, seriam bancados por empresários próximos ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), como Luciano Hang, da rede de varejo catarinense Havan.
O envio de mensagens com conteúdo eleitoral não é ilegal. Para isso, é necessário que os candidatos entreguem os telefones e uma lista de apoiadores que voluntariamente cederam seus dados. No entanto, há a suspeita de que as agências venderam bases de usuários de terceiros, segmentadas por região e perfil, de origem desconhecida - o que é ilegal.
O corregedor nacional da Justiça Eleitoral, ministro Jorge Mussi, decidiu, ontem, abrir ação de investigação judicial pedida pelo PT para que sejam investigadas as acusações de que empresas compraram pacotes de disparos em larga escala de mensagens no WhatsApp contra a campanha de Fernando Haddad (PT).
Mussi concedeu prazo de cinco dias para que o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), seu vice, Hamilton Mourão, o empresário Luciano Hang, da Havan, e mais 10 sócios das empresas apontadas na ação do PT
Jair Bolsonaro e seu filho Flávio, senador eleito pelo Rio de Janeiro, reagiram às denúncias de disseminação de fake news anti-PT nas redes sociais e aplicativo. No começo da tarde de ontem, o candidato respondeu às suspeitas com acusações.
“Apoio às ditaduras venezuelana e cubana; ex-presidente, tesoureiros, ministros, parlamentares, marqueteiros, presos e investigados por corrupção... quem precisa de fake news quando se tem esses fatos?, escreveu Bolsonaro.
Já Flávio Bolsonaro movimentou as redes sociais ao informar que sua conta no WhatsApp tinha sido bloqueada. Ele postou mensagens de alerta e queixas, afirmando que havia sido banido sem explicações, inclusive afetando sua participação em “milhares de grupos”. “A perseguição não tem limites!”, afirmou Flávio Bolsonaro, pelo Twitter. No começo da tarde, o senador eleito informou que o seu aplicativo havia sido desbloqueado.
Já o candidato Fernando Haddad (PT) disse, ontem, que a Justiça Eleitoral é analógica e está demorando para dar uma resposta ao que caracterizou como crime eleitoral cometido na forma de um “tsunami cibernético”. Haddad afirmou que a disseminação de fake news é associada aos crimes de calúnia e difamação. Para o candidato, a Justiça não pode se omitir diante dos acontecimentos.
“Estamos a 10 dias do segundo turno. Se a Justiça tomar providências, podemos ter menos desequilíbrio no segundo turno do que teve no primeiro”, afirmou Haddad. “O que aconteceu já é muito grave. Muitos parlamentares, uma parte do novo Congresso, foram eleitos com base nessa emissão de mensagens. Santinhos foram distribuídos em massa. É uma Justiça analógica para um crime digital.”
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), se reuniu, ontem, com a presidente do TSE, ministra Rosa Weber. A senadora disse que pediu a Rosa para manter o plenário da corte em condições de se reunir com celeridade nesses dias que antecedem o segundo turno, para tomar decisões que sejam urgentes, mas não teve uma resposta da ministra.