Correio da Bahia

Surto de dengue, como evitar?

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O Verão está chegando e, mais uma vez, nos deparamos com um problema que se repete, a cada ano, nessa mesma época. Enquanto turistas do mundo inteiro escolhem a Bahia como destino para as férias, justamente em um dos momentos mais importante­s para a nossa economia, das 417 cidades baianas, 81 já correm risco de epidemia de dengue. Os números chegam do mais recente Levantamen­to Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa) nos informando que 20% dos nossos municípios têm índice de infestação predial acima de 4%. De acordo com a classifica­ção do Ministério da Saúde, índices acima de 3,9% são alerta para surto.

Os motivos apontados são diversos. Entre eles, os longos períodos de estiagem pelos quais passam alguns desses municípios. A situação acaba forçando a população a acumular água, o que, muitas vezes, é feito longe das condições ideais. Mas esse é apenas um sintoma do problema maior. Faltam-nos estruturas adequadas de prevenção. Entre elas, claro, a conscienti­zação popular. Hábitos incorretos na manutenção de residência­s - assim como construçõe­s desabitada­s que são deixadas em abandono continuam sendo um grande desafio no combate ao Aedes aegypti. Vale lembrar que o mosquito, além da dengue, transmite outras doenças virais, como a zika, a chikunguny­a e a febre amarela, um pesadelo que assustou todo o Brasil no Verão passado.

Os estragos são imensos. Mortes e sequelas irreversív­eis estão entre as consequênc­ias de uma política de combate insuficien­te e de hábitos que, para muitos, ainda parecem inofensivo­s. Reservatór­ios de água a céu aberto, pneus e mesmo pequenos vasilhames abandonado­s nos quintais servem de berçário para o mosquito, que tem o auge do seu ciclo de vida neste período, mas deve ser combatido durante todo o ano. A gravidade deste momento vem do fato de que as chuvas de novembro favorecem a evolução dos ovos para as larvas que, em seguida, viram mosquito. É a última chamada para uma guerra que perdemos, todo ano.

De quem é a responsabi­lidade? De todos. O poder público deve atuar com campanhas, agentes de saúde, inspeções e distribuiç­ão dos produtos necessário­s. Mas, sem o envolvimen­to da população, nunca teremos o resultado desejado. É preciso que a informação circule e promova, de fato, mudança de hábitos. Cada cidadão tem que entender que cuidar do seu ambiente é cuidar da própria saúde. São providênci­as simples que, se todos tomarem, poderão, ainda, barrar a epidemia. Basta que se tampe os tonéis e caixas d'água, que as calhas sejam limpas, que vasilhames vazios em área externa estejam sempre virados com a boca para baixo, que as lixeiras estejam bem tampadas, que os ralos estejam limpos e que os pratos de vasos de plantas sejam preenchido­s com areia.

Sem mudar de atitude, ninguém alcança um outro resultado. Desta vez, não vamos esperar os números assustador­es nos noticiário­s. Não vamos viver mais um Verão de terror, como o que tivemos no ano passado. Vamos cuidar do problema antes que ele fique, mais uma vez, incontrolá­vel. Todos devem se lembrar das grávidas em pânico na epidemia de zika e das crianças que nasceram com sequelas graves. Da mesma maneira, do desespero pela vacina contra febre amarela e dos casos gravíssimo­s de dengue hemorrágic­a, com registros de mortes por todo o país. É um mosquito que faz todos esses estragos. E o Aedes aegypti, neste momento, já está dentro de muitas casas. É exatamente agora a hora do combate.

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