‘O país sem exercitar a arte é um país morto’
Apaixonado por cinema, o dramaturgo e diretor pernambucano João Falcão, 60 anos, diz que só não trabalha mais na área porque demora até a ideia sair do papel. “Tenho essa coisa de dizer ‘vamos fazer?’ e fazer. O cinema, às vezes, demora muito tempo”, explica o autor de séries televisivas como Nada Será Como Antes (2016) e Sexo Frágil (2003). “Nunca tive texto na gaveta, sempre escrevo para montar”, garante.
Mas não é porque o tempo da televisão é diferente que trabalhar nela seja mais fácil, pondera. Autor da nova versão do programa Você Decide, que estreia em 2019, João revela: “Foi a coisa mais difícil que já fiz na vida”. Além da adaptação do programa, que ficou oito anos no ar, de 1992 a 2001, com apresentadores como Antônio Fagundes, Raul Cortez e Tony Ramos, João também assina a série O Riso de Ariano, que estreia no segundo semestre de 2019.
Prestes a chegar em Salvador para ministrar uma oficina de atuação no Teatro Gregório de Mattos, João revela que tem conversado com produtoras que estão trabalhando para plataformas como a Netflix. Mas, apesar de flertar com a produção audiovisual, o dramaturgo entrega que sua paixão está
João Falcão, diretor e dramaturgo pernambucano, 60 anos, assina trabalhos na tevê como a minissérie Nada Será Como Antes (2016), a segunda temporada de Ó Pai Ó (2009) e a série Sexo Frágil (2003).
Para 2019, está preparando a nova versão do Você Decide e o roteiro da série e do filme O Riso de Ariano. No teatro, se destaca por peças como Ópera do Malandro (2014), A Máquina (2005) e A Dona da História (1997). mesmo no teatro, porque é onde “pode arriscar mais”.
Para quem não lembra, João assina espetáculos como A Ver Estrelas (1985), A Dona da História (1997), O Auto da Compadecida (2000) e A Máquina (2005), que revelou Wagner Moura, Lázaro Ramos e Vladimir Brichta para o Brasil. Além disso, é autor de premiados musicais como Gonzagão - A Lenda (2012) e Ópera do Malandro (2014). Em entrevista ao CORREIO, João conversa sobre a dramaturgia no audiovisual e no teatro e sobre a importância da cultura. “O país sem exercitar a arte é um país morto”. Confira.
Você transita por diferentes linguagens, como a televisão e o teatro. O que te atrai em cada uma delas?
Teatro é o lugar onde eu mais atuo na vida. A música foi que me levou para o teatro e a primeira peça que fiz [Morte e Vida Severina, em 1980] foi como diretor musical. Depois comecei a dirigir, escrever... Experimentei tudo e o teatro é onde sempre tenho que voltar. É uma coisa que a gente faz com pouca grana, entre amigos, é um jogo que não requer tantos recursos. Requer, às vezes, mas você tem opção de fazer sem. Teatro é onde você pode arriscar mais. Faço teatro com o máximo de sofisticação possível, mas sempre com olho no público, sempre quis ser popular. Nunca fiz para ser admirado por pessoas mais cultas, mais espertas.
E a televisão e o cinema?
A televisão tem essa coisa de ser popular. É uma forma de você atingir muita gente. É maravilhoso você fazer uma coisa e no dia seguinte encontrar pessoas em qualquer lugar do Brasil que viram. Claro que isso tem no teatro também, mas com menos pessoas. E o cinema é sonho de infância mesmo. Vi muito cinema e fiz pouco porque é uma coisa que é muito difícil de conseguir estrutura. Tenho muito essa coisa de “vamos fazer?” e fazer.