Crise venezuelana começou antes de 2018
A crise na Venezuela começou a se manifestar em 2014, mas já dava sinais desde 2012, de acordo com o professor do curso de Relações Internacionais da Unifacs Felippe Ramos. Só para dar uma ideia, a economia da Venezuela pouco produz além do petróleo. Praticamente tudo que se consome no país é importado. “A partir de 2014, houve a queda do preço do petróleo nos mercados internacionais, que agravou fortemente a situação”, explicou Ramos.
Naquele momento, começaram a ser propostas algumas medidas econômicas de abertura e atração de investimento estrangeiro, mas o presidente Nicolás Maduro, que sucedeu Hugo Chávez, preferiu financiar o déficit fiscal com emissão monetária. Assim, a inflação aumentou, os preços dos produtos disparam, o governo perdeu o controle do déficit fiscal e deu início uma grave escassez na economia.
Era falta de tudo: papel higiênico, açúcar, frango, remédios, absorventes, preservativos. Nesse contexto, houve aumento de casos de gravidez precoce e surtos de epidemias de doenças que antes estavam controladas. Nessa época, o salário mínimo caiu a preço real de um dólar – o mais baixo do mundo.
“O governo perdeu a capacidade de investir na própria indústria básica que lhe sustenta: a petroleira. Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a inflação deve fechar o ano em 1.000.000 %”, explicou o professor.
E foi assim que a vida na Venezuela se tornou inviável para os cidadãos. Em 2015, o fluxo de migrantes disparou; nos anos de 2016 e 2017, essas pessoas seguiram, principalmente, para países como Colômbia, Espanha e Estados Unidos. Mesmo tendo recebido migrantes em anos anteriores, foi só agora, em 2018, que o Brasil sentiu o maior impacto. Desde 2012, 2,3 milhões de pessoas deixaram a Venezuela.