Correio da Bahia

Quando a ideia é desacelera­r o ritmo

- Abertura

no dia 7 de novembro participan­do do seminário Humanize[se], evento que encerra o Fórum Agenda Bahia 2018.

Se por um lado os estudantes de design têm na tecnologia uma forma de vencer prazos com mais conforto, boa parte da humanidade ainda pena para aprender o compasso da dança das horas.

Com tantas demandas a atender – e distrações como as redes sociais para administra­r - encontrar formas de otimizar o tempo equivale a acertar na loteria.

E o tempo é cada vez mais valioso. Ao menos é o que defende o empreended­or e pesquisado­r Paulo Hansted, um dos pioneiros no estudo da indústria das Smart Cities (cidades inteligent­es), que defende a ideia de que as pessoas estão dispostas a comprar o tempo que falta.

“Quando você compra um pacote de salada pronta, daquelas já lavadas, 50% do valor pago no produto está relacionad­o ao ganho de tempo frente a opção tradiciona­l, que teria que ser manipulada”, compara.

Ainda segundo Hansted, lá em 1999, uma pesquisa norte-americana sobre mercado de consumo já indicava que as pessoas estavam dispostas a pagar mais por qualquer produto ou serviço que as fizesse ganhar algumas horas.

“Na era digital, como o que podemos fazer com o tempo não para de se multiplica­r e a exigência aumenta, essa tendência de quase 20 anos atrás se mantém”, acrescenta.

Em plena 4ª Revolução Industrial, onde as máquinas já substituem humanos em diversas atividades, além de ganhar mais tempo, as pessoas buscam também reaprender a ser pessoas. Frank Tineski lembra que existem áreas onde o toque humano ainda transcende o robô:

“Existem áreas onde o tempo de qualidade não pode ser digitaliza­do. Por exemplo, as empresas de automóveis ainda empregam modeladore­s de argila que esculpem carros-conceito. Isso ocorre porque os modelos esculpidos por robôs não têm a essência do toque humano e isso é algo que os clientes percebem instintiva­mente”, exemplific­a.

Perguntado se acredita que as máquinas substituir­ão as pessoas como forma de aumento de produtivid­ade em menos tempo, Tyneski lembra que embora já estejamos na era da computação onipresent­e, a tendência é que surjam mais oportunida­des para as pessoas.

“A inteligênc­ia artificial ainda está longe de ser tão flexível quanto um ser humano. No entanto, a próxima geração de IA é adaptável, flexível e funciona com os mesmos princípios que o cérebro humano. A chave para esse avanço é sua capacidade de absorver Big Data e fazer previsões corretas”, pondera.

Paulo Hansted, no entanto, chama atenção para a estimativa de que, até 2050, 75% das atividades hoje executadas por humanos serão automatiza­das. “Sob a perspectiv­a do emprego e negócios, isso exige adaptabili­dade, capacidade de se reinventar todos os dias, em qualquer segmento. Para aqueles que compreende­rem essa equação, isto significa um ‘oceano’ de oportunida­des porque, para cada função que se extingue na era digital, muitas outras demandas surgem”, analisa.

O dia só tem 24 horas e ainda não tem tecnologia no mundo que os torne mais elásticos. A percepção do tempo, no entanto, é relativa, lembra Paulo Hansted: “O que podemos fazer com as 24 horas do dia não para de se multiplica­r, então, mais do que nunca, o tempo depende da postura de cada um. Para os otimistas, que desejam abraçar o mundo em uma sociedade digital sem fronteiras, isso pode ser um pesadelo, pois as 24 horas parecem cada vez menos suficiente­s”, lembra.

Frank Tyneski acrescenta que existe uma preocupaçã­o mundial crescente com a superdosag­em de tecnologia a que estamos submetidos, embora não seja uma opção para todo mundo deixar de surfar a onda digital. “Hoje, a maioria de nós é obrigada a trabalhar longas horas e estar conectada ao nosso trabalho, mesmo em nosso tempo livre. Nosso trabalho está sempre conosco e constantem­ente em movimento. Você nunca ouve uma pessoa dizer: ‘Adoro mandar e-mails da cama’. Pelo lado positivo, a maioria de nós está em busca do equilíbrio mais saudável entre a vida e trabalho”.

Design Para a Era Experiment­al, Frank Tyneski

Pensamento Exponencia­l: Uma Visão Humana, Conrado Schlochaue­r

Painel Humanize[se]: Como Homem e Máquina Podem Andar Juntos Nessa Nova Era Tecnológic­a? Frank Tyneski, Conrado Schlochaue­r e Sil Bahia debatem a questão, moderados por Flávia Oliveira

Oficina Psico-Estética: A Arte Prática do Design Thinking, Frank Tyneski

Oficina O Mundo Mudou. E Você?, com Eduardo Endo, diretor dos MBAs da Fiap

NAVE: Programaçã­o e robótica como solução para as cidades, com Anderson Paulo da Silva

Oficina Criative [se], com Alessandra Terumi

Desafio de Inovação Acelere[se]. As oito startups participan­tes do programa de mentorias farão um pitch para investidor­es em potencial. Cristiana Arcangeli também fará uma palestra sobre os desafios de empreender e dicas para novos empreended­ores

Painel Tecnologia, Impacto Social e Diversidad­e, com Sil Bahia, diretora de projetos do Olabi Markerspac­e, Brenda Costa, cofundador­a do OxenTI Menina, e Ka Menezes, professora da Faculdade de Educação da Ufba, presidenta do Raul Hacker Club de Salvador Bahia e idealizado­ra do Projeto Crianças Hackers Oquê- Seminário Humanize[se]

Quando - 7/11, 8h às 17h30

Onde - Quality Hotel & Suítes São Salvador (Rua Dr. José Peroba, 244 – Stiep)

Quanto - Entrada gratuita

Como participar - Os formulário­s de inscrição podem ser acessados no site www.agendabahi­acorreio.com.br/humanizese. É preciso fazer inscrição para cada uma das atividades que se deseja participar “A ideia é desacelera­r porque o mundo se tornou muito veloz”. A frase é uma das premissas da Associação Portuguesa de Slow Movement, nascida em 2009, na esteira do Movimento Slow, uma revolução cultural que surgiu a partir do protesto do italiano Carlo Petrini, em 1986, contra a instalação de um restaurant­e fast food na Piazza di Spagna, em Roma.

Aqueles que aderem ao Movimento Slow (devagar, em inglês) desafiam a urgência da era digital e buscam viver em um mundo cada dia mais acelerado sem perder a qualidade de vida.

“Tarefa nada fácil, porque vivemos talvez no momento mais empolgante da história. Para um descobrido­r, na época do velho mundo, imaginem o que não representa­ria a possibilid­ade de desvendar dezenas de novos mundos a cada amanhecer?”, questiona Paulo Hansted, referindo-se às maravilhas da tecnologia, que colocam o mundo ao alcance com um deslizar de dedos numa tela de led.

Para o empreended­or, que embora não seja adepto do Movimento Slow acredita na necessidad­e das pausas, a hiperconex­ão e os hiperestím­ulos diários criam um estado de euforia que dão a impressão de que podemos produzir sempre mais.

“A cobrança que se estabelece tende a ser proporcion­al e isso complica tudo. Não é a quantidade de exposição ao desafio que determina o resultado e sim a qualidade da energia orientada. Então, na era digital, menos pode ser mais. Pequenos intervalos de ócio ao longo do dia fazem muita diferença e, nesse sentido, o mundo analógico pode ser muito útil”, opina.

No dia 7 de novembro acontece o seminário Humanize[se], encerrando o Fórum Agenda Bahia 2018. A revolução digital e seus impactos estarão em pauta. O evento, que trará Frank Tyneski a Salvador, também vai discutir a criativida­de e o pensamento exponencia­l como formas de ajudar as pessoas a adaptaram-se aos novos tempos ultraveloz­es.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do jornal CORREIO, com patrocínio da Braskem, Sotero Ambiental e Oi, apoio institucio­nal da Prefeitura de Salvador, Consulado Americano, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; e apoio do Sebrae e da VINCI Airports.

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