Correio da Bahia

Brasil da diversidad­e

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Um dos momentos mais esperados pelos cinéfilos baianos está chegando: de 11 a 21 de novembro acontece o XIV Panorama Internacio­nal Coisa de Cinema, o maior festival de cinema que acontece regularmen­te na capital baiana e na cidade de Cachoeira .

Dentro do evento, há diversas mostras, como as competitiv­as de curtas e longas nacionais e internacio­nais, além de homenagens como ao cineasta sueco Ingmar Bergman. Na Competitiv­a Nacional, concorrem oito produções, incluindo duas baianas: a ficção A Ilha, de Glenda Nicácio e Ary Rosa, e o documentár­io Sem Descanso, de Bernard Attal.

Também concorrem A Sombra do Pai (SP), da baiana Gabriela Amaral Almeida; Azougue Nazaré (PE), de Tiago Melo; Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos (Brasil/Portugal), de João Salaviza e Renée Nader; Deslembro (RJ), de Flávia Castro; Luna (MG), de Cris Azzi, e Tinta Bruta (RS), de Filipe Matzembach­er e Márcio Reolon.

Como acontece desde o ano passado, a curadoria tem privilegia­do cineastas em início de carreira. Todos os diretores concorrent­es na Competitiv­a Nacional estão, no máximo, em seu terceiro filme. Os realizador­es mais experiente­s têm espaço em outra mostra paralela, o Panorama Brasil.

O longa Sem Descanso é um documentár­io investigat­ivo sobre o caso do jovem baiano Geovane Mascarenha­s de Santana, assassinad­o por policiais militares em agosto de 2014. A investigaç­ão teve início a partir de uma reportagem exclusiva realizada pelo repórter Bruno Wendel, do CORREIO. A reportagem foi finalista do Prêmio Esso de Jornalismo de 2015 e venceu o Prêmio OAB de Jornalismo Barbosa Lima Sobrinho naquele ano.

Geovane, que era morador da periferia de Salvador, foi sequestrad­o por uma viatura da Polícia Militar. Depois de uma investigaç­ão conduzida pelo pai do rapaz e divulgada pelo jornal, o corpo foi encontrado esquarteja­do. A narrativa, de caráter investigat­ivo, costura a trama e problemati­za as relações entre o drama e a passividad­e da sociedade diante da violência.

Uma das curadoras do Panorama, Marilia Hughes faz uma avaliação do filme: “É muito importante o cinema se voltar para essas questões que o jornalismo diário da TV não aborda. O filme vai além do factual e se aprofunda, porque no jornalismo diário um caso como o de Giovane perde espaço pra outra notícia no dia seguinte”.

A outra produção baiana concorrent­e, Ilha, é dirigida pela mesma dupla de Café com Canela, longa que concorreu no ano passado na Competitiv­a Nacional, mas perdeu para Pela Janela. No entanto, o filme ficou com o Prêmio Especial do Júri. Já no Festival de Brasília, ganhou três troféus.

Em Ilha, Emerson, um jovem da periferia, quer fazer um filme sobre a sua história. Pra isso, ele sequestra Henrique, um premiado cineasta. Em Brasília, Aldri Anunciação ficou com o prêmio de melhor ator e o roteiro de Ary Rosa e Glenda Nicácio também foi premiado. “Assim como Café com Canela, Ilha é um filme sobre um encontro e, a partir disso, é estabeleci­do um jogo entre os personagen­s. Há ainda um jogo entre os personagen­s e o espectador”, diz a mineira Glenda, que realizou o filme com uma equipe local, no Recôncavo.

O filme A Sombra do Pai também tem ligação com a Bahia: a produção, embora seja paulista, é dirigida pela baiana Gabriela Amaral Almeida, que tem se firmado como realizador­a de longas de terror. Seu primeiro filme, O Animal Cordial, com Murilo Benício, era um representa­nte do gênero.

Há também um realizador português entre os concorrent­es: João Salaviza, 34 anos. Seu filme, Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, conta a história de Ihjãc, um jovem índio Krahô, que, após um encontro com o es-

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1 Sem Descanso (BA)

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