Correio da Bahia

A onda do engajament­o digital

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Depois de conhecer esse cenário, pode parecer estranho dizer que muita gente considerav­a Bolsonaro um azarão. Mas, com seus 8 segundos de TV, foi isso que aconteceu. Até mesmo entre os pesquisado­res da área, como explica o professor Camilo Aggio, do Departamen­to de Comunicaçã­o da Universida­de Federal de Minas Gerais (UFMG), a maioria acreditava que as variáveis eleitorais tradiciona­is – como o tempo de tela e as alianças a partir disso – se manteriam. Até a campanha começar, efetivamen­te.

“Eu não faço parte dessa categoria. Faço parte de uma categoria minoritári­a porque, há 2 anos, venho alertando para Bolsonaro como um fenômeno político e eleitoral que já vinha se formando há algum tempo, pelo que ele fazia em redes sociais”, afirma o especialis­ta.

Aggio associa o “fenômeno” à ascensão de outros agentes – pessoas que não necessaria­mente são da política, mas que falam de política e que ganharam notoriedad­e por isso - cantores, atletas, apresentad­ores. “Essas celebridad­es vão ganhar uma nova notoriedad­e pública a partir do modo como conseguem atingir pessoas em redes sociais. Tem um contexto de natureza estritamen­te política, mas a gente não pode deixar de observar que o nosso ecossistem­a mudou a tal ponto que nós temos, inclusive, o resgate de certas celebridad­es que estavam no ostracismo, pela forma como vêm falando de política”, aponta.

O que o candidato produzia nas redes acabava gerando uma imensa quantidade de engajament­o – ou seja, compartilh­amentos, menções e replicaçõe­s. Isso, segundo o professor da UFMG, era maior do que dos outros candidatos há um ano e meio. “Alckmin, Marina e Ciro tinham mais seguidores do que Bolsonaro (na época), mas tinham uma atenção muito menor”, explica.

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