Correio da Bahia

É possível ‘controlar’ as redes?

-

Mesmo com a lembrança de Barack Obama, em 2008, o professor Camilo Aggio, do Departamen­to de Comunicaçã­o da UFMG, é mais cauteloso. Naquela época, de fato o democrata tinha se apropriado de plataforma­s e recursos digitais, mas não vinha de um partido tradiciona­l, com recursos tradiciona­is. “Bolsonaro está em uma legenda pequena, que escolheu de última hora e não tem recursos declarados. Não tinha alianças, nem penetração em outras regiões do Brasil. A gente pode até pensar em Bernie (Sanders), nos EUA, ou Howard Dean, em 2004, que foi embrião da campanha de Obama. Dean era um cara que se destacou pelo uso da internet, mas não ganhou nem as primárias”, comenta. Naquele ano, Dean só teve 5,6% dos votos para ser escolhido como o candidato do Partido Democrata dos Estados Unidos, ficando em terceiro lugar. O candidato escolhido, John Kerry, perdeu para o ex-presidente George W. Bush, que era candidato à reeleição.

O professor Maurício Ferreira, cientista político da Universida­de Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), é um dos que defendem que é preciso existir uma legislação específica para as campanhas em redes sociais. Segundo ele, é possível fazer o rastreamen­to da origem das mensagens, em caso de notícias falsas disseminad­as em massa, como no caso denunciado pelo jornal Folha de S.Paulo acusando a campanha de Bolsonaro de utilizar desse expediente.

As empresas que fornecem o serviço também devem fiscalizar as regras. “As redes têm como criar mecanismos, mesmo que automático­s, para cercear aquilo (a disseminaç­ão de notícias falsas). Se você tem uma onda de fake news, a gente pode escolher uma pessoa com base em mentiras e condenar alguém com base em mentiras. Se a gente não combate isso na política, vai para a vida privada e a rede social vai deixar de ser uma coisa benéfica”, pondera.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil