Primeira-dama discreta, mas presente e atuante
6 de setembro. Os principais e mais urgentes desafios do novo governo, que começa em 1º de janeiro, estão na área econômica: déficit fiscal, reforma da Previdência e desemprego. Ontem, o economista Paulo Guedes, já indicado para ministro da Fazenda por Bolsonaro, afirmou que é “factível” zerar o déficit (despesas maiores que as receitas) já no primeiro ano de governo.
A medida está entre as propostas apresentadas por Bolsonaro no programa de governo entregue à Justiça Eleitoral no início da campanha.
“Nós vamos tentar, nós vamos tentar. É factível, claro que é factível”, disse em entrevista, acrescentando que é necessário fazer o controle de gastos públicos.
De acordo com o Orçamento de 2019, a previsão é de um déficit de R$ 139 bilhões nas contas públicas.
Guedes evitou aceitar o título de ministro, afirmando que falta ainda um convite de Bolsonaro. “Só posso falar depois de me convidar”. Ainda assim, o economista comemorou o resultado das urnas: “É uma celebração, é uma democracia”.
A proposta para a reforma da Previdência é trazer para o Brasil um sistema de capitalização similar ao adotado no Chile. Assim, cada trabalhador contribuiria para uma conta individual. No sistema atual, cada trabalhador contribui para todos os integrantes do sistema. O plano de governo não detalha como se dará a transição de um sistema para outro, nem quanto essa transição custará ao país e aos contribuintes.
Para combater o desemprego, a principal proposta prevista no programa de governo apresentado por Bolsonaro à Justiça Eleitoral, é a criação da carteira de trabalho verde-amarela. De adesão voluntária, por meio dela o trabalhador sinalizaria que aceita trabalhar em um regime no qual o contrato individual prevalece sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mantendo todos os direitos constitucionais. Discreta, mas sempre presente e atuante. Dessa forma é descrita a futura primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro. Ela é 27 anos mais nova que o capitão e é natural de Brasília. Eles se conheceram na Câmara dos Deputados, onde ela trabalhava e Bolsonaro atuava como parlamentar. O casamento foi em 2013. Michelle, muito religiosa, não gosta de roupas chamativas e não frequenta baladas. E é “linha dura” com as duas filhas: Letícia Aguiar, de 16 anos, fruto de um relacionamento anterior, e Laura, de 8, do casamento com Bolsonaro.
Michelle faz parte do Ministério de Surdos e Mudos da Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro, onde atua como intérprete de libras nos cultos que acontecem aos domingos. Antes de mudar para a Igreja Atitude, Michelle frequentou a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que tem como pastor Silas Malafaia. Foi ele quem celebrou a união religiosa de Jair e Michelle. Michelle é apontada com uma das principais responsáveis pela proximidade do presidente eleito com lideranças das igrejas evangélicas. Malafaia,em entrevista ao site G1, definiu Michelle como “simples, recatada e que não gosta de aparecer”. Bolsonaro já chamou a mulher de “mãezona encrenca”.
No futuro governo, conforme disse em entrevistas, quer se envolver em questões sociais, sobretudo às ligadas aos surdos.