Novo governo quer reforma já
O economista Paulo Guedes, conselheiro econômico do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), defendeu ontem a aprovação da proposta de reforma da Previdência que está no Congresso Nacional ainda este ano. O economista frisou que apoiava a reforma antes de passar a coordenar o programa econômico de Bolsonaro e não mudaria de ideia.
“Nós estamos atrasados. Essa reforma podia ter sido feita lá atrás. Mas evidentemente existe um cálculo político. Eu acho, na parte econômica, temos que avançar o mais rápido possível, mas existe um cálculo político. O nosso Onyx, corretamente, não quer que uma vitória nas urnas se transforme em uma confusão no Congresso. Se o Congresso tiver condições de aprovar, vamos submeter”, afirmou.
Segundo Guedes, um novo sistema será proposto para as futuras gerações. “Vamos criar uma nova Previdência com regime de capitalização, mas existe uma Previdência antiga que está aí. Então, além do novo regime trabalhista e previdenciário que devemos criar para as futuras gerações, temos que consertar essa que está aí”, disse o economista.
O assessor de Bolsonaro não detalhou negociações com o governo Michel Temer em torno da aprovação da atual proposta de reforma da Previdência como está no Congresso. Para retomar a reforma da Previdência ainda este ano, seria preciso suspender a intervenção federal na área de segurança pública do estado do Rio.
Guedes disse apenas que já se reuniu com o secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, a quem chamou de “excelente técnico”, para examinar a proposta atual. “Depois tive reuniões com os irmãos (Arthur e Abraham) Weintroub, que estão fazendo uma proposta bastante semelhante a do Chile”, afirmou.
Para Paulo Guedes, quanto antes se reformar a Previdência, melhor. “Trinta anos atrás, quando o Chile fez (reforma da Previdência), seria melhor. Dois anos atrás, com o (presidente Michel Temer), seria melhor. Um ano e meio atrás, quando entrou o (presidente da Câmara dos Deputados) Rodrigo Maia, seria melhor. Hoje, antes de acabar o ano, é bom também”, disse Guedes.
Conforme Guedes, o sistema previdenciário brasileiro tem “bombas”: a primeira é demográfica, a segunda é misturar assistência social com aposentadoria do trabalho, a terceira são os custos tributários sobre a folha de pagamentos dos empregados, a quarta é o fato de o sistema previdenciário de repartição não “levar capital para o futuro”.
O local onde funcionará o gabinete de transição do governo Temer e de seu sucessor, Jair Bolsonaro, já está pronto. A exemplo do que ocorreu em gestões anteriores, as instalações temporárias estão no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília. O espaço fica a cerca de quatro quilômetros do Palácio do Planalto e a oito do Congresso Nacional e da Esplanada dos Ministérios.
O CCBB fica em uma área ampla e arborizada. As instalações reúnem um total de 2.500 metros quadrados. O presidente eleito terá acesso privativo, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve, em 2002, na transição do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No prédio principal do CCBB, há várias salas de reuniões, algumas no térreo, próximas à porta de acesso do novo mandatário nacional.